São trinta e dois anos ou celebrando A Catarina

Já andavas pelos trintas anos quando, este ano, entrei no comboio. E, como sempre, a partir de hoje levas dois números de avanço... Até ao próximo 28 de Julho em que recupero a desvantagem, que logo aumentará no próximo 17 de Outubro. Ciclo que não me importo de repetir ad eternum...

Não é o primeiro aniversário que escrevo de longe. É o quarto. Seguido. Dois na Turquia. E dois no Paquistão. Já antes tivera aniversários em que estava em Lisboa, mas logo seguia para Abrantes para te dar aquele beijinho de parabéns. Mas estando longe-longe posso apenas tirar contentamento de escrever umas linhas, enquanto lágrimas marotas escapam-me dos olhos...

São trinta e dois anos que celebram as idas à arvore de natal, para saquear o chocolate pendurado nos ramos verdes do pinheiro e encher as pratas com areia.  De como corávamos quando o Natal terminava e na altura de "dividir" o chocolate acabávamos, literalmente, com um punhado de areia nas mãos. E, de quando em vez, com um castigo.

São trinta e dois anos que celebram os raides para espreitar presentes e depois, na noite de 24 para 25 de Dezembro, fingir espanto e surpresa com o que saía dos embrulhos. São trinta e dois anos que celebram horas a fazer de contas que trabalhávamos em empresas e andávamos em viagens por todo o lado. Nisso a realidade acabou por imitar a nossa imaginação e lá vou viajando aqui e ali!

São trinta e dois anos que celebram horas de maternidade-fraternal inculdada em ti pela vida e pelas circunstâncias; e nunca falhaste nesses deveres que tinhas que cumprir e para os quais não ouve tempo para aulas ou treinos. São trinta e dois anos que celebram ralhetes, raspanetes, risadas, gargalhadas e até bifes voadores...

São trinta e dois anos que celebram a menina sonhadora que se transformou na mulher trabalhadora. Ainda com o brilho dos sonhos nesses olhos cor de amêndoa, encaixilhados pela tez branca e pelo cabelo ora mais ruivo, ora mais loiro, ora mais moreno. São trinta e dois anos de muita coisa vivida que não caberá nestas palavras e que não deve caber. Há coisas que pertencem ao silêncio.

São trinta anos (e não, não me enganei!) de admiração, de fascínio, de amor. De olhar para um modelo a seguir no que toca a preserverança, elegância e espírito de luta. Muitas vezes me perguntam como é que aguento fazer tanta coisa e tantas vezes gostava de poder responder: isso é o meu lado Catarina. Não iriam entender, eu sei, mas gostava de responder isso.

São trinta anos (continuo sem estar errado!) a roubar pedacinhos de ti, que tento colar em mim de modo atabalhoado. Se há coisa complicada de se copiar, ser Catarina é certamente uma delas. Acabamos sempre por fazer algo torpe, insuficiente, desvirtuado, sem graça... E por isso quando te copio, assumo logo a qualidade fraquinha da cópia. Mas hoje celebro o original. Não celebro ser Catarina, celebro A Catarina.

São trinta e dois anos que hoje se celebram e num pulinho serão trinta e três e quem sabe interromperei este ciclo de celebrações longe. Quem sabe se não estarei por perto, pronto a cantar os parabéns e dar-te o beijinho na bochecha... e, porque não, desafiar-te para rapinar mais pratas numa qualquer árvore de natal por perto. MUITOS PARABÉNS!


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