Votou-se! Escolheu-se! E agora: uma nova Polónia?

A Polónia foi a votos, no primeiro de dois escrutínios eleitorais a que os eleitores polacos serão chamados este ano. Desta feita escolheu-se o Presidente! Lá para Outubro, a Polónia (como Portugal) irá escolher um novo Parlamento, do qual emanará um novo governo. Mas isso será só em Outubro.

As eleições na Polónia foram marcadas por temas como as relações com a OTAN, o aprofundamento ou abrandamento da integração na UE, a relação tensa com a Rússia e várias propostas de revisão Constitucional. A economia, claro está, também foi tema quente nestas eleições presidenciais polacas.

Vamos ao resultado! Andrzej Duda venceu as duas voltas das eleições presidenciais na Polónia. Na primeira volta (10 de Maio), o candidato do partido Lei e Justiça, conseguiu o apoio de 34,76% dos eleitores. Na segunda volta (25 de Maio) não alcançou os 52% (51,6%). O segundo lugar ficou para o Presidente em exercício: Bronislaw Komorowski (48,6% na segunda volta).

A vitória de Andrzej Duda, que se assume como não sendo eurofederalista, vem no seguimento de uma série de bons resultados eleitorais de partidos eurocépticos pela Europa fora, como foram o caso do Jobbik na Hungria, do Syriza na Grécia e dos Verdadeiros Finlandeses da Finlândia. Dizem as sondagens que a Dinamarca, a Espanha e a França poderão engrossar, em breve, o rol de vitórias dos eurocépticos.

Um sinal de que mais de metade dos polacos gostam da União Europeia tal como está e que planos de maior integração ou mesmo federalização serão pouco bem-vindos. Igualmente interessante o facto do novo Presidente ter prometido uma série de medidas económicas (como redução de impostos e reforço dos gastos com políticas sociais), que vão contra o pensamento austero-dominante no eixo Berlim-Amesterdão-Bruxelas.

Outro ponto curioso o facto de o mesmo homem que é um eurocéptico soft, ser um pro-OTAN hard. Andrzej Duda é a favor de um aumento significativo dos gastos com questões militares e de defesa bem como um estreitamento dos laços com a OTAN, perante aquilo que entende como sendo a "Ofensiva" da Rússia de Putin.

Herdeiro talvez do espírito contestário do "Solidarity" e com alguma tendência para o reclamar do natural espaço geopolítico polaco com obrigações na Europa Central e de Leste, Duda parece apostado em usar a OTAN para fazer crescer a importância diplomática da Polónia, tendo como rampa de lançamento o conflito civil na Ucrânia. Resta saber com quem Duda irá competir neste ponto, se com Minsk se com Berlim...

Num tempo de incertezas e de alguma turbulência social, Andrzej Duda promete ser um pilar de conservadorismo social. Duda é um conhecido defensor de se aplicarem restrições ao aborto, à eutanásia, ao reconhecimento de casais do mesmo sexo e mesmo às imagens com sexo e violência veiculadas nos meios de comunicação social.

A Polónia que parece querer voltar aos palcos internacionais, elegeu um Presidente que quer um pouco menos UE; um pouco mais OTAN; um pouco menos austeridade; um pouco mais Estado-social; um pouco menos libertarianismo social e um pouco mais conservadorismo. Fica por saber se o partido Justiça e Lei consegue um bom resultado em Outubro, ou se um Presidente de direita terá que conviver com um Governo de esquerda...


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