Que não faça Ciência, mas que se tenha respeito por quem a faz...

Já é conhecido o modus operandis algo esquizofrénico da FCT. O Fidalgo já escreveu sobre o mesmo mais do que uma vez; mas há alturas em que a repetição é a única forma de pressão, quando uma das partes insiste em faltar ao respeito a quem apenas gostaria de fazer Ciência...

A FCT abriu, em Junho/Julho do ano passado, o concursos para Bolsa Individual de Doutoramento e Pós-Doutoramento. O Fidalgo, apesar de saber das restrições orçamentais e racionais que grassam pela FCT, avançou com uma candidatura. Afinal não somos assim tanto os doutorados, com publicações e participações em eventos internacionais, com menos de 30 anos.

A candidatura foi rejeitada. Acto inglório, já que o projecto correspondia a uma versão melhorada do projecto submetido em 2012 igualmente recusado mas, espante-se o leitor, com nota superior. O Fidalgo desce de 3,8 para 3,4 (as notas da FCT vão de 0 a 5) quando o CV, o número de instituições envolvidas, a qualidade dos orientados e a experiência do candidato aumenta...

O Fidalgo, pois claro, fez apelo na fase de Audiência Prévia; apelo esse lacrado a 10 de Fevereiro. Para quem não conhece os procedimentos da FCT, após a fase de Audiência Prévia (na qual raramente o candidato é levado a sério) segue-se a fase do Recurso onde, raras vezes, os argumentos do candidato são tomados em conta.

Todo o exercício esfuma-se numa pilha de nadas; mas o Fidalgo não tem problema em lutar contra moinhos de vento. O autismo da FCT não sendo novo é deselegante e pouco civilizado. Pior, o autismo da FCT financiada com dinheiros públicos e fundos europeus é uma prova de arrogância institucional e de nepotismo na sua máxima potência.

Mas voltemos ao apelo lacrado a 10 de Fevereiro... O tal apelo a 16 de Junho ainda não teve resposta. Com um novo concurso na eminência de ser aberto, a FCT entra no ridículo de não ter conseguido fechar ainda o concurso de 2013. Pior, a mesma FCT não comunica com os candidatos; não mostra qualquer respeito por quem apenas quer fazer Ciência no seu país, ou em nome do mesmo.

Num momento em que o Ministério da Educação quer apostar no ensino dual, na profissionalização por via da técnica dos alunos, o mesmo Ministério parece apostado em destruir, por via da delapidação da já de si podre FCT, Ciência. Queremos técnicos mas não queremos técnicos-pensantes? É isso? A capacidade de pensar, que nos leva a fazer Ciência, passou a inimiga da FCT que tem na capacidade de pensar a sua razão de existir? Estranho...

Esta é a mesma FCT que respondeu, diria que sem urbanidade, a uma série de perguntas de uma Comissão Parlamentar (motivada pelo esforço cavaleiresco de Samuel Paiva Pires), invocando estatutos e normas regulamentares. A mesma FCT que perante os factos, que são tantos e tão evidentes, se escuda nos seus regulamentos que tendem a ser propositadamente ambíguos.

Esta é a mesma FCT que em vez de construir Ciência, de cimentar Ciência, está a exportar cérebros que farão Ciência em outras paragens... Esta é a mesma FCT que, dominada pelos interesses de uma pequena minoria, vai preferindo a cunha, ao mérito; vai optando por favorecer o amiguinho e não o cientista. Esta é a mesma FCT que não sabendo fazer Ciência deveria, pelo menos, ter respeito por quem a quer fazer!


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