E pelas tuas 24 Primaveras não canto... corro!

Não é o primeiro aniversário que não festejo, no dia, contigo. Não falo das sms, das chamadas, dos posts no facebook/Hi5 que esses não têm falhado. Falo de estar contigo. Presente. Falo do cara a cara; de poder desafinar enquanto trauteio o "Parabéns a você" junto aos teus ouvidos; falo de poder simplesmente dar um beijo. E hoje nada disso é simples!

A Saudade é uma criatura estranha. Companheira deste exílio semi-livre-e-semi-imposto vou aprendendo com ela a lembrar-me de vocês. E hoje tenho me lembrado mais de ti: a Princesa-Desportista que celebra 24 Primaveras e outros tantos Verões, Outonos e Invernos. Recordo-me acima de tudo de uma coisa que te caracteriza (para além da teimosia taurina!): a tua garra.

Nasceste pequenina; frágil; num momento complicado. Mas agarraste-te à vida e com garra lutaste por um lugar aqui. Querias Ser! Da infância lembro-me das cíclicas amigdalites que de 15 em 15 dias te visitavam; mas que não te tiravam a vontade agerrida de brincar, correr, saltar, explorar, enquanto não voltavas a aninhar-te entre os cobertores no sofá da sala. Lembro-me da garra com que defendias a necessidade de ir a mais um treino; como se a tua não-presença iniciasse o Apocalipse.

Confesso que copiei um bocadinho disso. A ideia de ter mesmo que ser, de ter mesmo que estar, de ter mesmo que fazer... Pois só com essa garra se conseguem conquistas. Lembro-me da garra com que defendias o teu Liceu, a tua UBI e o teu CNA. Não porque eles precisassem de qualquer defesa, mas porque contigo é assim que se vive com intensidade e... com garra!

Hoje sou eu quem mais viaja, mas foste tu a primeira a andar de avião. E pequenita que eras! Sorrio, com as coisas que a Saudade me faz recordar. Lembro-me de garra com quem sempre defendeste os mais próximos de ti e como, para além da fachada da durona, és um ser sensível, delicada como seda indiana. De como as lágrimas brotam dos teus olhos facilmente, quando a emoção fala mais alto.

E é a esse ser com a garra de uma amazona e a delicadeza de uma gotinha de orvalho que, hoje, não posso dar um beijinho de parabéns. É a ti que não posso dar um abraço e sem dizer nada sorrir. Porque nos últimos anos desenvolvemos uma comunicação que vai para lá de palavras; um código quase telepático que se traduz em sorrisos, olhares e gestos.

Não te posso dar um beijinho, mas posso mostrar um pouco de garra. E hoje, depois das aulas, depois de chegar ao cantinho a que chamo agora de casa, irei calçar as sapatilhas (há meses encostadas ao armário) e irei correr. Não sei por quanto tempo, que distância, por onde. Irei correr. Irei tentar superar o comodismo perguiçoso e mostrar um pouco de garra.

Porque, diz-me a Saudade, a única forma de te desejar parabéns não é chorando, apontando o dedo, criticando (quem merece ser criticado!), levantando ondas, ou escrevendo odes é fazendo... E fazer, no teu caso, é correr... E por isso hoje correrei. E em cada passada dar-te-ei os parabéns; em cada inspiração e expiração dar-te-ei os parabéns; em cada metro alcançado dar-te-ei os parabéns.

E quando fazes 24 anos estamos longe, mas sei que correrei para ficarmos, de algum modo, mais perto... PARABÉNS MANINHA!

P.S.: Lá para meados de Julho dou-te o merecido beijinho.


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