A União Europeia ainda não recuperou do fracasso da Cimeira que firmou a "Parceria de Leste", em Novembro de 2013. Não recuperou, porque para sarar maleitas é preciso reconhecê-las e aos olhos dos tecnocratas da UE está tudo bem. É mais fácil fechar os olhos, mas o fácil não resolverá os problemas. É apenas isso mesmo: fácil!
Curiosamente, tendo em conta que tudo está bem, vemos Kiev ser disputada pela interferência de Bruxelas (dançando ao ritmo da batuta germânica), pelos "pacotinhos de promessas" de Washington e pela reacção musculada de Moscovo. E no meio de toda a poeira mediática, que em Portugal tende a não ser filtrada, tem escapado a atenção ao que vai acontecendo noutros lados... Digamos na Moldova!
A Moldova é um dos vários países renascidos com a implosão da União Soviética. Em jeito de resenha histórica, pode dizer-se que a Moldova surge como principado na segunda metada do século XIV (1359) e passado à condição de vassala-tributária do Império Otomano no século XVI, em 1538. No começo do século XIX, mais propriamente em 1812, o Tratado de Bucareste transfere a obrigação de vassalagem da Moldova do Império Otomano, para o Império Russo.
A Moldova renascida no final de Agosto de 1991 é apenas uma pálida imagem da Moldova antiga. Partes do anterior território Moldavo estão hoje inseridas na Roménia e na Ucrânia. A mesma Ucrânia das disputas... Esta Moldova "reduzida" conta ainda com duas regiões separatistas/autonomistas no seu território: a Transnítria e a Gagauzia.
A primeira tende a ser mais mediática, por isso falemos da segunda. A Gagauzia é um pequeno país com uma área geográfica maior do que as Ilhas Faroé mas menor do que as Ilhas Comoros. Para se ter uma ideia da dimensão, a Gagauzia equivale a cerca de 55% do concelho de Abrantes e é cerca de cinco vezes mais pequena do que o distrito de Santarém.
A população da Gagauzia é pouco maior do que os 155000 habitantes, a maioria dos quais (mais de 80%) de origem Gagauz, grupo étnico de origem turcófona e composto maioritariamente por Cristãos Ortodoxos. Na Gagauzia os Moldavos representam menos de 8% da população, os Búlgaros quase 5% e os Russos quase 2,5%. Mas porque interessa a pequenina Gagauzia, num post que começou por falar do fracasso de uma das mais ambiciosas iniciativas da União Europeia?
Porque a Gaugazia revela um novo fracasso da União Europeia! No momento em que as elites de Chisinau se preparam para aprofundar as relações bilaterais com Bruxelas, a população da Gagauzia organizou um referendo sobre a vontade ou não de uma maior integração com a União Europeia. Os resultados foram claros: 92,7% da população é contra uma maior aproximação da Gagauzia à União Europeia. E quase 98,4% defendem uma maior aproximação ao projecto russo de uma comunidade eurasiática...
A elite em Chisinau, nervosa com as reacções que poderiam vir de Bruxelas, apressou-se a qualificar o referendo de ilegal e disse que o mesmo era nulo e incapaz de produzir efeitos. Parece ao Fidalgo que o efeito está produzido, os Gaugazes não querem a instabilidade da desunida UE. Se é para se submeterem ao jugo de alguém, que seja ao de Moscovo onde, pelo menos, as regras do jogo são mais simples.
Os poucos especialistas e analistas do dito mundo Ocidental que tentaram ler o referendo, apressaram-se a culpar Moscovo de pressionar as populações. Mas ninguém conseguiu rebater o facto de mais de 70% dos mais de 155000 habitantes da Gagauzia terem ido a votos e desses, mais de 90% deram um chute na UE. Tentou-se minimizar o resultado, porque a região é pequena. Mas se a UE perde a Gagauzia, perderá também a Transnítria; a Moldova encolhe ainda mais e corre mesmo o risco de implodir.
A Gagauzia é geograficamente pequena, mas o efeito do seu referendo poderá ser maior, do que aquele que nos é servido pelos holofotes dos mainstream media. A Gagauzia é pequena, também o é a Suiça, mas o impacto do referendo poderá ser maior do que calculam alguns tecnocratas da UE. É que não olhar para o curioso caso da Gagauzia poderá custar a Ucrânia, a Bósnia-Herzegovina, ou mesmo a Sérvia, aos senhores de Bruxelas.
Curiosamente, tendo em conta que tudo está bem, vemos Kiev ser disputada pela interferência de Bruxelas (dançando ao ritmo da batuta germânica), pelos "pacotinhos de promessas" de Washington e pela reacção musculada de Moscovo. E no meio de toda a poeira mediática, que em Portugal tende a não ser filtrada, tem escapado a atenção ao que vai acontecendo noutros lados... Digamos na Moldova!
A Moldova é um dos vários países renascidos com a implosão da União Soviética. Em jeito de resenha histórica, pode dizer-se que a Moldova surge como principado na segunda metada do século XIV (1359) e passado à condição de vassala-tributária do Império Otomano no século XVI, em 1538. No começo do século XIX, mais propriamente em 1812, o Tratado de Bucareste transfere a obrigação de vassalagem da Moldova do Império Otomano, para o Império Russo.
A Moldova renascida no final de Agosto de 1991 é apenas uma pálida imagem da Moldova antiga. Partes do anterior território Moldavo estão hoje inseridas na Roménia e na Ucrânia. A mesma Ucrânia das disputas... Esta Moldova "reduzida" conta ainda com duas regiões separatistas/autonomistas no seu território: a Transnítria e a Gagauzia.
A primeira tende a ser mais mediática, por isso falemos da segunda. A Gagauzia é um pequeno país com uma área geográfica maior do que as Ilhas Faroé mas menor do que as Ilhas Comoros. Para se ter uma ideia da dimensão, a Gagauzia equivale a cerca de 55% do concelho de Abrantes e é cerca de cinco vezes mais pequena do que o distrito de Santarém.
A população da Gagauzia é pouco maior do que os 155000 habitantes, a maioria dos quais (mais de 80%) de origem Gagauz, grupo étnico de origem turcófona e composto maioritariamente por Cristãos Ortodoxos. Na Gagauzia os Moldavos representam menos de 8% da população, os Búlgaros quase 5% e os Russos quase 2,5%. Mas porque interessa a pequenina Gagauzia, num post que começou por falar do fracasso de uma das mais ambiciosas iniciativas da União Europeia?
Porque a Gaugazia revela um novo fracasso da União Europeia! No momento em que as elites de Chisinau se preparam para aprofundar as relações bilaterais com Bruxelas, a população da Gagauzia organizou um referendo sobre a vontade ou não de uma maior integração com a União Europeia. Os resultados foram claros: 92,7% da população é contra uma maior aproximação da Gagauzia à União Europeia. E quase 98,4% defendem uma maior aproximação ao projecto russo de uma comunidade eurasiática...
A elite em Chisinau, nervosa com as reacções que poderiam vir de Bruxelas, apressou-se a qualificar o referendo de ilegal e disse que o mesmo era nulo e incapaz de produzir efeitos. Parece ao Fidalgo que o efeito está produzido, os Gaugazes não querem a instabilidade da desunida UE. Se é para se submeterem ao jugo de alguém, que seja ao de Moscovo onde, pelo menos, as regras do jogo são mais simples.
Os poucos especialistas e analistas do dito mundo Ocidental que tentaram ler o referendo, apressaram-se a culpar Moscovo de pressionar as populações. Mas ninguém conseguiu rebater o facto de mais de 70% dos mais de 155000 habitantes da Gagauzia terem ido a votos e desses, mais de 90% deram um chute na UE. Tentou-se minimizar o resultado, porque a região é pequena. Mas se a UE perde a Gagauzia, perderá também a Transnítria; a Moldova encolhe ainda mais e corre mesmo o risco de implodir.
A Gagauzia é geograficamente pequena, mas o efeito do seu referendo poderá ser maior, do que aquele que nos é servido pelos holofotes dos mainstream media. A Gagauzia é pequena, também o é a Suiça, mas o impacto do referendo poderá ser maior do que calculam alguns tecnocratas da UE. É que não olhar para o curioso caso da Gagauzia poderá custar a Ucrânia, a Bósnia-Herzegovina, ou mesmo a Sérvia, aos senhores de Bruxelas.
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