O Guião que não queria guiar...

E eis que o tão esperado "Guião para a Reforma do Estado" foi por fim apresentado. O resultado final, no que ao Fidalgo diz respeito, desilude um pouco, mas não surpreende. Após a "irrevogável birra" deste Verão, Portas conseguiu a tão almejada promoção política e passou de Ministro dos Negócios Estrangeiros a Vice-Primeiro-Ministro.

Estranha recompensa, para quem penalizou o país. Estranho prémio ganho por quem fez escalar os juros da dívida pública portuguesa, como consequência da "ópera bufa". O país ficou obrigado a pagar mais a quem especula, porque quem devia governar preferiu (um certo dia) o pseudo-drama-barato...

Paulo Portas já antes da "ópera-bufa" tinha responsabilidades sobre a produção tal guião, mas com a 'promoção' ficou tudo mais claro. O país aguardou, com pouca expectativa diga-se, o resultado da genialidade política de quem tem mais de actor político do que de agente da política. Preciosismos linguísticos? Talvez... Talvez não...

Chegou por fim o dia do Guião ser dado a conhecer e puf! Os poucos que esperavam com alguma curiosidade, porque é difícil ter expectativas depois das atitudes deste Verão, viram goradas quaisquer hipóteses de o Guião surpreender, de inovar, de transformar ou mesmo de guiar.

O guião para além de ser um fraco exercício de literariedade política revela um pauperismo intelectual que assusta. O documento mais não é do que um palimpsesto insonso, sem qualquer audácia e sem qualquer direcção clara sobre como se fará a tal reforma. O guião é mais um desfilar de desculpas pelo atraso e um pedido, meio-infantil / meio-parolo, de "mais um mandato porque agora é que é".

O Guião, no fundo, não guia, nem reforma. Saldou-se num exercício de espera colectiva sem qualquer resultado. O guião tem qualquer coisa de semelhante com olhar para nuvens. O acto em si não sendo inútil tem pouco de útil, pois no final o céu continuará azul. Curiosamente este Guião não fracassará, porque não existe, porque foi escrito apenas para parecer e aparecer.

Um Guião para a Reforma do Estado precisa antes de mais de um timoneiro; de alguém que saiba guiar. É por aí que se transformará e reformará o Estado. E um timoneiro, não é alguém que joga pelo Seguro; pelo populismo fácil, pré-eleitoral. Encontre-se o timoneiro e logo se fará a reforma!


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