Política em estado parolo-parolinho...

Vai muito pateta a política portuguesa. Evitei "bloggar" em Agosto por temer os efeitos da silly season que não poupou ninguém. Estranheza foi a palavra de ordem, com o duelo da "Moralista" Judite contra o "Gastador" Lorenzo ou com a proposta de mentes brilhantes do Bloco (de cimento?) que querem regular o piropo na rua!

Com a vinda de Setembro tive que me ocupar com a mudança de país e por isso fui adiando comentar o que ia acontecendo. Mas este último pedaço informativo que li obrigou-me a um esforço adicional: o CNE quer controlar, para ser meiguinho, os comentários aos candidatos das Autárquicas nas redes sociais, dois dias antes das eleições? É isso mesmo aquilo que li? Ou a falta de um café decente está a fazer-me alucinar?

O CNE quer regular assim tanto a vida mediática? Primeiro foram as imposições aos meios de comunicação públicos e privados que levaram a uma opção pela cobertura mínima. Má opção, tenho em crer! É este o passo que se segue? Vivemos em sociedade mediatizadas, com forte impacto dos meios audiovisuais e das redes sociais, e o CNE quer remar contra isso?

O CNE quer voltar à política feita por via dos arautos, ou nem os arautos são permitidos? Ou será melhor os candidatos e os cidadãos-eleitores comunicarem por sinais de fumo? É que nem estes são verdadeiramente democráticos, porque é preciso saber lê-los. Ou se anda a trabalhar em excesso no CNE e a exaustão levou ao esgotamento dos seus profissionais... Ou se anda a trabalhar de menos e o enfado levou a enfabulações patetas. Uma das duas explicará isto...

Pior do que isso só mesmo a decisão do Tribunal Constitucional que levou à criação do Majorem Nomadum (Autarca Nómada). Como que para presentear quem Governa, depois dos castigos anteriores, e porque o TC se vê enredado nas redes de poder que deveria regular decidiu-se que os candidatos podem fazer "packs" de três mandatos num concelho e saltar para o concelho seguinte.

E a seriedade que se impõe à política autárquica? O conhecer da realidade local? Não me venham os puristas com o argumento bacoco do "é a população quem escolhe" e se, in extremis, mas possível, todos os candidatos forem Majorem Nomadum? Como se escolhe? Os cargos em disputa nas autárquicas não deveriam ser vistos como medidas "Passaporte-Emprego" para quem nunca fez nada mais...

Portanto, em Portugal, podemos perpetuar o poder dando-lhe um carácter nómada e não podemos comentar o poder na casa das tribos urbanas (as redes sociais, entenda-se!). É estranho não? A seguir o CNE vai dizer que "piropar" na rua também não está certo e um destes dias, ao estilo do Turquemenistão, estamos a viver numa "era de felicidade" declarada por édito!

É assim que queremos democratizar a democracia e credibilizar o sistema? Fechando-nos na caverna e dando aos líderes a capacidade de o serem ad eternum, desde que se revezem geograficamente? Assim não o vamos conseguir.

E já agora que conversa é essa de um ex-Primeiro-Ministro ir lançar um livro sobre Ciência Política? Então mas ele não ia para Paris doutorar-se em Filosofia? Interrompeu o doutoramento e mudou de área só porque comenta (sem substância diga-se!) umas coisas em sinal aberto? Quer parecer aqui ao Fidalgo que anda tudo muito confuso pelo jardim há beira-mar plantado.

Longe, mas muito atento...
O vosso: Fidalgo ;)


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