Como um espaço pode ser uma hera!

Ainda não sei como me aprisionei na rotina, mas sabê-lo também não importa. Transformamos espaços físicos em ambientes transcendentes e de súbito o inusitado faz todo o sentido.
Como se o equilíbrio do Universo dependesse daquela cadeira com o estofo lancetado (imagem de um guerreiro púnico a pedir sossego?), ou de uma mesa 'bamba' onde, por vezes, corre cerveja como a força das monções na Índia ou das cheias no Nilo.
O equilíbrio do Universo suspenso pelo cheiro do tabaco mesclado com o aroma do café que já se bebeu, que se bebe, e que aguarda ser bebido. E as vozes... As vozes... Vozes que, por vezes, nem percebemos o que dizem e que mesmo assim fazem todo o sentido. É como uma hera a rotina que trepa por nós, que fica entrançada, em quem descobre estas geografias fora dos mapas.
E os espaços passam a ser santuários sem o fausto da talha dourada e a rigidez serenamente perturbadora dos Santos. Um santuário dos que procuram a mundaneidade; dos que não se arvoram à pretensão da auréola, nem se põe em bicos dos pés para atestar da sua idoneidade.
E são esses os espaços que valem a pena! São esses os espaços que silenciam as perguntas, de quem faz da Arte de perguntar Vida. Eu tenho um desses espaços. Uma dessas zonas onde a fantasia e o real se unem numa bizarria que de tão improvável  e desconexa se torna harmoniosa.
Obrigado por tudo Arcada e 'arcadenses'!

(Excerto, de um algo que existirá mais tarde, escrito a sobrevoar os céus da Albânia)


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