Resumo da "Cartada" e início da paz podre...

E eis que está oficializada mais uma tomada de posse. O Governo, que em finais de Outubro ouvia clamores de remodelação profunda, teve que passar por uma crise política onde a razão foi substituída pelo orgulho mesquinho e pelo maquiavelismo bacoco para se redesenhar. A refundação, que serena o coração do Mandante de Belém, destrói mais uma promessa eleitoral... A do Governo pequeno!

Num acto de pura demagogia que, como muitos disseram, o Tempo provaria inconsequente, quis-se criar um Governo mais pequeno que se revelou mais pequeno em gentes e em capacidades. Com a refundação, as diferenças quantitativas entre este Governo e o anterior são agora coisas do passado. A ideia dos super-Ministérios caiu por fim e apenas a Cultura continua a ser vista como o parente pobre da equação...

As cerimónias de tomada de posse dos Ministros e do Secretários de Estado tentaram mostrar um Governo composto de cumplicidades e sorrisos; tentando-se minimizar os estragos de 21 dias absolutamente ridículos. A História encarregar-se-á de baptizar o que vivemos, proponho como nome a "Cartada", já que duas cartas destruíram a reputação interna do Governo.

Uma carta, de resto, provou ser uma Cartada (para já!) de mestre que transformou o partido mais pequeno da coligação na força "reinante". Uma Cartada com o apoio de Belém que, depois de fingir interesse no diálogo, mostrou que a intenção era apenas ferir a capacidade da Oposição ser Oposição. Uma Carta que no final não se importou muito com a credibilidade interna, porque o importante é serenar os de fora... Os que nem os elegeram, mas que vão pagando as contas!

Agora entramos no período da paz podre. Com um Primeiro-Ministro assustado com a eminência e a facilidade do colapso governamental. Com um Vice-Primeiro-Ministro a dever um pedido de desculpas a todos e a fingir que nada se passou, escudando-se em palavras e citações descontextualizadas e que nada justificam. Com um Presidente que dá cobro a uma situação e que manifestamente não serve para interpretar e salvaguardar a vontade popular.

Agora entramos no período da paz podre, que um novo ciclo de protestos de rua, que não podem nem devem ficar adstritos a Lisboa, poderá fazer colapsar por natural decomposição. O Governo até poderá cumprir o seu mandato, mas será sempre em artificialidade de quem, sejamos francos, perdeu já a legitimidade popular. E por aqui me fico!


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