Acima de tudo queria Respeito...

A semana que passou foi alucinante. O governo, que há muito se sabia instável, entrou numa verdadeira espiral de acontecimentos levantando uma autêntica tempestade política de efeitos, ao contrário do que se quer fazer querer, ainda imprevisíveis. Este crise tem pouco de nova, na verdade.

No Verão de 1890, Lopo Vaz (Ministro do Reino) e Hintze Ribeiro (Ministro dos Estrangeiros) viveram uma situação similar. O governo quase implodiu, em Agosto, porque os dois se odiavam. Uma coligação foi forjada, para salvar o país abraços com uma crise financeira e com escassez de crédito. A coligação durou 26 dias antes de se dissipar.

Desta vez, em 2013, não sei se podemos chamar ódio ao que sentem Paulo Portas ([até aqui] Ministro dos Negócios Estrangeiros) e Pedro Passos Coelho (Primeiro-Ministro), mas desprezo existe com certeza. O embate dos dois líderes dos partidos que justificam o governo coligado levou o país a um pequeno abalo político e não, não estou a falar da confiança dos mercados. Afinal, estou em crer, tudo serve para estes ficarem nervosos...

O governo quase caiu, porque Paulo Portas discordou da nomeação da Ministra das Finanças. O governo quase caiu porque, ao que parecia, Paulo Portas queria romper com a "mesma linha de pensamento" e o colega de coligação pensou diferente. O governo quase caiu quando Paulo Portas disse ter tomado uma decisão irrevogável, que se revogou em menos de 96 horas...

Os partidos da coligação, cientes que o sufrágio eleitoral não lhes será benéfico, entraram em "parafuso"! Assustaram-se mesmo, diria eu! Do lado do PSD, Pedro Passos Coelho foi forçado a "entupir" o colega de coligação de cargos e a dar-lhe a supervisão sobre a agenda da Ministra que causou desconforto e levou a uma acção que apesar de irrevogável foi revogada...

Do lado do CDS, Paulo Portas foi obrigado a revogar-se. Obrigado a aparecer mudo perante o país, fazendo uma pose desnecessariamente pedante e sobranceira. E de toda esta briga, que o Sr. Presidente irá agora solucionar, falta uma coisa: falta respeito por nós cidadãos e não apenas eleitores. Faltou uma explicação, se não mesmo um pedido de desculpas.

Faltou dizer-nos o que foi isto, para além de um golpe palaciano? Faltou dizer-nos para quê toda esta tensão? Faltou dizer-nos em como é que isto serve a tão proclamada estabilidade?  Faltou explicar-nos como é que se revoga a si mesmo? Como se vende o carácter por uns cargos? Como se quer ter credibilidade nacional, quando se fazem golpadas destas?

Faltou respeito... Acho que não peço  (pedimos?) muito...


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