De como Cavaco Silva é a irmã de D. Maria II...

É sempre um bom exercício olharmos para o nosso passado colectivo, vulgo História, para perceber como chegámos até aqui. É sempre bom conhecer o que ficou para trás, para melhor nos prepararmos para o que vem pela frente. É sempre bom ter uma noção profunda de como construímos esta ideia de Nós; mais do que saber Quem Somos é importante saber Como somos este Quem Somos.

D. Maria II foi a trigésima Monarca de Portugal! Desde cedo marcada pela conturbada vida política de uma Corte "retirada" no Rio de Janeiro, por culpa das invasões de Napoleão Bonaparte, chegou ao trono de um país exaurido pelas guerras entre os anteriores Monarcas e irmãos D. Pedro e D. Miguel. Pequena nota de curiosidade, num Reino sem "Lei Sálica" como o nosso Maria é apenas a Segunda Monarca mulher enquanto na Patrimonialista Rússia chegaram ao trono cinco senhoras...

D. Maria II chegou ao trono num momento delicado da vida nacional, tal como Cavaco Silva. E após chegar ao trono D. Maria II definiu um estilo que desgastaria a imagem dos Monarcas pelo reino. Cavaco Silva tem feito o mesmo com a figura do Presidente. E quem sabe se em breve não teremos um novo 1910... Quem se ri e acha que o Tempo não volta atrás; devia voltar atrás no tempo para ver que "ai volta, volta!"

D. Maria II descobriu, no decurso do seu reinado, os méritos de Costa Cabral, a quem tornou Conde de Tomar. D. Maria II via no político qualidades extraordinárias, para lidar com um país complexo e cheio de inúmeros particularismos que a Rainha desconhecia... Cavaco Silva fez o mesmo. Desencantou Passos Coelho, feito líder do PSD, e deixou-se encantar pelos méritos do mesmo. Pelos méritos e não pelo curriculum, que este não tinha...

D. Maria II confessa, em correspondência pessoal e notas biográficas, a sua frustração com um país que parecia não conseguir ver os méritos extraordinários de Costa Cabral. Ele era o homem certo para lidar com um país à beira da bancarrota e da implosão social... E com Cavaco Silva é Passos Coelho o homem certo para que o país evite a bancarrota e colapse... Mas, tal como no primeiro caso, só quem os protege consegue ver o seu talento.

D. Maria II não tinha apenas um protégé; tinha também um pequeno ódio de estimação: Saldanha! O homem com quem teve de partilhar a cena política, mas a quem, sempre que pode, puxou o tapete. E nem sempre de modo honesto e leal... Cavaco Silva também tem o seu anti-Passos... José Sócrates... O mesmo que agora voltou para comentar o estado de um país, que sofre com a sua passagem pelo Estado...

E enquanto estas figurinhas se vão plagiando, numa extraordinária repetição da História, o Fidalgo inquieta-se. Estará a III República a chegar ao seu fim? Estaremos a ver um remake histórico, que nos avisa da chegada de um novo capítulo desta História? E por agora mais não digo...

 

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