Como tudo se transformou... Menos os políticos...

Nos últimos anos assistimos a uma transformação extraordinária operada não apenas nas sociedades do espaço Europeu, mas à escala internacional. Os eventos sucedem-se a uma velocidade vertiginosa que complicará o trabalho de análise dos futuros historiadores. Isto claro se os historiadores ainda existirem, visto existirem pessoas a achar a História uma Ciência de pouca rentabilidade...

Nos últimos anos assistimos a uma transformação ao nível lexical. Antes de 2008/2008 palavras como rating, share, emissão de dívida e mesmo austeridade estavam quase ausentes do discurso na praça pública... Agora tornaram-se num hábito, sendo mais incomum a sua ausência. E mesmo a palavra crise, da qual não nos desabituámos, ganhou uma nova (e negra!) dimensão.

Nos últimos anos assistimos a uma transformação da Europa! A Europa da União, dos ideais de um espaço de partilha de valores e de criação de uma Comunidade de pares, revelou-se desunida e desumana. Formatada por uma perigosa febre Tecnocrática que tudo destrói, em nome de números numa folha de Excel. E as pessoas que a União deveria proteger, por causa das quais a União se diz ter formado, passaram a ser terciárias...

Nos últimos anos assistimos a uma transformação dos Portugueses! A falsa imagem de docilidade lusitana foi quebrada e as pessoas passaram a contestar, a levantar a voz, a interrogar, a apontar o dedo e a vir para a rua. Em cada protesto vê-se sempre gente que nunca antes saíra para a rua. Os protestos, para tristeza das Sindicais, despolitizaram-se. Tornaram-se a-políticos e por isso mesmo intensos, genuínos e difíceis de ignorar, pelo menos por quem for sério...

E a lista de transformações continuaria se o Fidalgo assim quisesse... E com tanta mudança apenas uma coisa ficou igual! Exactamente igual! Os políticos. Não culpem a Política, que a Arte de Decidir e Governar está isenta de culpas! Os políticos é que não se souberam adaptar. Não perceberam, ou pior ignoraram, que vivemos num tempo novo que exige criatividade, arrojo e audácia e não repetições de rituais tão inoperantes quanto cheios de mofo.

Os políticos nacionais, e europeus diga-se, não querem ver a realidade que os circunda. Que a transformação deles é inevitável, pois o tempo da política-encenada já se esgotou. O tempo da retórica vazia, dos discursos cheios de metáforas rococós já lá vai. Quer-se política nova, fresca, vigorosa e apaixonada. Quer-se luta por ideais, confronto de ideias reais e projectos que humanizem a Política.

Quer-se políticos que olhem para lá do Institucionalismo bacoco; políticos que não se escudem em leis ambíguas para nada dizerem ou para dizerem aquilo que não serve para nada. Quer-se políticos com capacidade de intervenção, que não percam ligação "ao mundo real". Quer-se políticos que não tenham medo de ter talento nas suas equipas e que não confundam talento com compadrio... O talento não tem que estar confinado ao limites limitadores dos Partidos...

Num tempo de transformação multi-nível quer-se políticos transformados, renovados e prontos para estes desafios... Quer-se gente com garra! Talvez se venha mesmo a querer gente sem Partido, como o Fidalgo... E o Fidalgo até que gosta de um bom desafio... E por aqui me fico...


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