Falhanço Completo Total... E será o país a pagá-lo...

É a primeira vez que o Fidalgo escreve um post na sequência de algo publicado em outro blog, mas o repto deixado por Samuel Paiva Pires no Estado Sentido tem que ser imperiosamente respondido. Até porque Samuel tem a coragem de dar o primeiro passo e este post do Fidalgo não é mais do que o reconhecimento e a consequência dessa coragem.

É conhecido de todos que no país de Camões, de Eça de Queiroz, de Fernando Pessoa e de António Lobo Antunes a D. Cunha é a verdadeira regente de muitos concursos públicos. A Menina Meritocracia fica relegada aos discursos rococós de alguns agentes políticos e dos dirigentes dessas instituições que fazem vénia à D. Cunha.

A FCT, Fundação para a Ciência e Tecnologia, não é infelizmente excepção a esse facto. O último concurso de atribuição de Bolsas Individuais de Doutoramento e Pós-Doutoramento é, de resto, prova disso mesmo. O concurso começa mal logo no seu nascimento e, diz o povo sabedor, que "o que nasce torto tarde ou nunca se endireita".

O concurso que utiliza dinheiros públicos é envolto numa aura de secretismo digna de uma série televisiva norte-americana. O público em geral não sabe quais os temas a concurso, quais os projectos que entram em contenda científica pelos escassos recursos financeiros. O público em geral não sabe nada e mesmo os candidatos limitam-se a saber do projecto que enviam e, com sorte, dos projectos enviados por colegas.

Ora se imperasse a Meritocracia para que seria preciso tanto mistério? Porque não se assume que o processo é tudo menos transparente? Porque não se estabelecem áreas para as quais nunca, ou dificilmente, existirá financiamento? Ou achará quem gere a FCT que os candidatos não têm capacidade de se interrogar sobre o modo como o processo é conduzido? Se acham isso, pois o Fidalgo vos diz que estais enganados Senhores!

O concurso tem ainda uma dualidade curiosa: aos candidatos, e bem, são exigidos prazos que quando não cumpridos comportam automaticamente a eliminação da candidatura. Já aos promotores do concurso, a FCT claro está, prazos é coisa que não se impõe.

Só para se ter uma noção a Audiência Prévia para contrapor os resultados vergonhosos do concurso de 2012 começou em meados de Outubro (os candidatos tiveram 15 dias para lacrar um comentário on-line, guardado, uma vez mais, no segredo dos gabinetes) e a meados de Janeiro ainda se espera uma resposta da FCT.

O concurso de 2012, na área de Ciência Política, consegue o facto extraordinário de conseguir deixar de fora todas as candidaturas apresentadas pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (vulgo ISCSP) e a maioria das enviadas por candidatos em Coimbra. E atribui, o mesmo concurso, uma verdadeira batelada de "sins" aos candidatos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (vulgo FCSH) da Universidade Nova de Lisboa.

Sendo obviamente coincidência o facto de Miguel Seabra, Presidente da FCT, ter vindo da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. O processo de atribuição destas bolsas, que na verdade se deveriam chamar contractos pelo articulado legal que comportam, é também estranho no modo como os júris argumentam e avaliam os candidatos... E o Fidalgo sabe bem o valor dessa estranheza...

E por aqui se fica o Fidalgo hoje... Mas amanhã volto ao assunto, com um guia de "como-não-saber-avaliar-candidaturas"...


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