Passagem pelo Viscondado de Tacanhistão!

O Fidalgo por estes dias decidiu passear. E como a época é de cortes, de restrições e de outras tantas condições fez-se cumprir o slogan: ir para fora cá dentro. Nada como passar uns dias pelo Viscondado de Tacanhistão para ficar absorto com tanta parolice junta. Vamos às (devidas) explicações, ou, se preferir o leitor, ao diário da viagem.

No primeiro dia, e porque o Viscondado é pequeno (em razão inversa à parolice nele contida), o Fidalgo passou pela Residência do Visconde que, após uma ausência de um mês que preocupou alguns dos súbditos, decidira-se a falar... E como justificou tão ilustre figura a sua ausência? Como explicou o seu afastamento e apagamento num momento de tensão? Com um surto de Divismo...

Sua Excelência Visconde de Tacanhistão, por vezes também chamado de Presidente da República, explicou que não falava, porque existiam "muitas vozes que tinham já falado", porque "existiam muitas opiniões no ar" e ele não estava ali para falar, mas sim para trabalhar!!! Esqueceu, por certo, o Visconde em causa que a sua palavra é de extrema importância para quem lhe confiou um voto, para quem o elegeu temporariamente como líder.

Obliterou-se da mente do Visconde que o facto de existirem muitas vozes no ar é parte natural e saudável de regimes que se assumem como democráticos, plurais e abertos. Sua Excelência queria que a sua voz fosse a única a ser ouvida? Queria transformar-se em Guru ou quereria reencarnar como Dalai Lama? Sua Excelência não quer partilhar o palco, ao estilo de Lukashenka, Karimov e Aliyev, de uma "festa" que se quer participativa e plural!

No meio do espanto pela tacanhez, atributo que lhe valeu a liderança do Viscondado, da justificativa do blackout ficou o ânimo do "porque prefiro trabalhar", mas ao que parece nem isso se tem visto... E não venham dizer ao Fidalgo que Sua Excelência trabalha nos bastidores, que não estamos a falar de uma peça de teatro. E se estamos, tem o Fidalgo a dizer, o argumento das últimas cenas exibidas tem sido escrito por gente sem inspiração...

Não bastasse o espanto com a tacanha atitude de Sua Excelência o Visconde, ainda teve o Fidalgo que se deparar com a irrazoabilidade de uma figura que funde no seu nome o pintor Monet e o General Junot! Diz certa pessoa que os habitantes do Viscondado terão que saber empobrecer, porque "não se podem comer bifes todos os dias", como se a mesma pessoa tivesse alguma coisa que ver com isso.

Diz a mesma pessoa, que funde no nome (mas não na essência) Monet e Junot, que os habitantes de Tacanhistão têm que ser não apenas pobrezinhos, mas tristezinhos e pequeninos... Assumir a sua pobreza e aceitá-la... Ao invés de dar ideias inovadoras para solucionarem os problemas em causa, ao invés de ajudar ao debate que precisa de ser empreendedor e criativo, a dita pessoa apenas se conforma com a pequenez e em tacanha atitude quer que todos a sigam...

E com tanta tacanhez o Fidalgo retira-se, antes que a mesma o afecte!


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