Janus ou Themis? Como vai ser Sr. Presidente?

E o dia V, o da Votação Final do Orçamento de Estado 2013, chegou por fim. Os discursos finais dos vários partidos com assento na Assembleia da República trouxeram poucas novidades, algo aliás que marcou a maioria dos debates nos vários dias de votação na especialidade. Ideia novas têm tristemente escasseado pelas galerias parlamentares nos dias que correm!

O Orçamento de Estado 2013 foi aprovado com quase todos os votos dos deputados que "sustentam" a coligação governamental, exceptuando Rui Barreto que se juntou ao PS - PCP - BE- PEV no chumbo àquele que é considerado pelos Media Europeus como o Orçamento mais duro da História recente de Portugal. E como eles estão certos!

O Orçamento de Estado traz poucas novidades: austeridade insana continua a ser a palavra do dia. Portugal, que se encontra encalhado com um governo à espera que o Milagre Austero se cumpra, irá ter de passar por mais um ano de grandes provações. Portugal vai ser castigado com mais austeridade e porquê? Porque, desta feita, se portou bem...

Estranho prémio este! Depois daquele que era suposto ser o Cabo das Tormentas, versão pós-contemporânea, Portugal não se vê na eminência não de chegar a mares serenos, ou a uma nova Ilha dos Amores. Oh não! Depois de um ano em que os portugueses mostraram uma capacidade de resistência e um nível de democraticidade exemplares, o prémio é entrarmos num novo desafio; o prémio de dobrar o Cabo das Tormentas é chegar ao Cabo da Involução!

E no meio disto tudo o suposto timoneiro do barquinho lusitano, que dá pelo nome de Cavaco Silva, e que curiosamente não nos passa cavaco nenhum, tem agora um novo desafio nas suas mãos: legitimar o seu discurso de Junho de 2012, ou usar a "situação extraordinária" (desculpa que começa a perder aderência!) para aprovar uma proposta que, se não queimada, pelo menos vetada deveria ser...

Cavaco Silva que dizia nesse 24 de Junho, em Castro Daire, que Portugal não tinha mais espaço para lidar com austeridade terá agora que mostrar que a sua palavra é sólida, como são os seus silêncios, com os quais tentou ironizar, na entrega dos Prémios Gazeta, de modo muito parolinho e provinciano. Cavaco Silva terá agora que mostrar que tem menos de Janus e mais de Themis.

O Fidalgo anda menos "regular" na escrita do seu blogue, é facto, mas isso não implica que ande menos atento. Au contraire! O Fidalgo nunca esteve tão atento, porque nunca como agora se exige que cada um dê o melhor de si. E o que o Fidalgo melhor sabe fazer é usar da massa encefálica que ainda vai sobrevivendo. E o que o Fidalgo também sabe fazer é cumprir as suas promessas! Espera-se o mesmo de quem foi eleito para liderar o Estado!

Ou isso, ou teremos que começar a debater não a refundação do Estado (mecanismo de distracção pouco eficaz) mas a refundação do sistema político... E não falo na demagogia bacoca de reduzir deputados! Não é por aí que a água vai há fonte! Mais importante é saber qual o valor desta República tão pouco Respublicana. É que se é para isto que querem um Presidente deixam o Fidalgo cheio de dúvidas...


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