Como espremer o que não tem sumo?

O Fidalgo vai ser muito directo: a entrevista de Passos Coelho, Primeiro-Ministro da República Portuguesa, foi na verdade um não acontecimento. No final da emissão aquilo que já sabíamos, antes do começo da entrevista, foi o que ficámos a saber... A Austeridade é um caminho longo; uma odisseia interminável; uma viagem cuja recompensa é o reforço da condição inicial... Ou seja Austeridade traz Mais Austeridade!

Passos Coelho tinha pouco para dizer ao país, pelo menos pouco de novo. O discurso, num tom ora defensivo ora a roçar a converseta de café, falhou na oportunidade de transmitir (pelo menos) um discurso que motivasse (galvanizar já é impossível!) os portugueses a mais um ano de sacrifícios, para manteremos o papel de "bom aluno". Um discurso que sustivesse o ideário do "bom aluno" que, curiosamente, depois é castigo pelo seu bom comportamento...

A dupla de jornalistas não funcionou! Para além de questões de estéticas (com Judite de Sousa a homenagear de uma assentada a Pink, a Dilma Rousseff e a Leopoldina), não se perceberam "ganhos" em ter dois bons profissionais de jornalismo a entrevistar o Primeiro-Ministro. Ficou o Fidalgo com a impressão de estar a assistir a uma sessão do "Fama Show", com um entrevistador a começar ideias, que o outro acabava e que o entrevistado circundava.

Não funcionou o guião de entrevista que, não sendo mau (justiça seja feita!), era pouco criativo e mostrou pouca investigação. Algumas perguntas pertinentes foram feitas, mas muitas outras (menos óbvias, eu sei) ficaram por fazer. E com estes dois profissionais como entrevistadores do Primeiro-Ministro pedia-se mais, bastante mais. E a Passos Coelho pedia-se que fosse menos guerrilheiro, mais directo e menos cartilhado...

E como acredita o Fidalgo, que não se pode espremer sumo de fruta seca fico-me por aqui... Esperando melhores entrevistas, ou, quiçá, melhores entrevistados!

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