O Reino Unido (não) veta a UE?!

Estava a começar a escrever sobre a transformação da política na Jordânia, onde a Irmandade Muçulmana quer impor a "onda transicional" a que chamámos de Primavera Árabe, mas a Europa chamou a minha atenção nos entretantos. David Cameron, Primeiro Ministro do Reino Unido, ameaçou que vetaria o Orçamento Comunitário para 2014-2020 se este aumentasse as despesas, como previsto, e se, ao mesmo tempo, este fosse penalizador para os interesses britânicos.

As declarações foram feitas no âmbito do Congresso do Partido Conservador, que decorre em Birmingham,   e devem ser lidas com cautela. Mais do que falar para a União Europeia o PM do reino de Isabel II falava para o eleitorado, numa altura em que o Partido Conservador "luta" por melhorar nas sondagens apelando ao mecanismo de "swith off" que mantém nas relações com o Continente Comunitário.

Esta não é, de resto, a primeira vez que a Ilha tem comportamento de isolacionismo interno, que faz soar as campainhas da União de modo desnecessário. A posição do Reino Unido, de resto, é uma das mais suis generis. Quando tudo corre bem, quando tudo é fácil e dourado, então o Reino Unido é um construtor da Europa Comunitária... Mas quando tudo corre mal o discurso passa de Nós para Eles, os do Continente.

As declarações de Cameron são, na verdade, um duplo trunfo desenhado por uma boa estratégia de comunicação política. Por um lado ao ameaçarem o veto no Orçamento da UE apelam ao nacionalismo Britânico que, ciclicamente, precisa de sentir que ainda tem algum poder; apelam ao nacionalismo do ex-Império mais poderoso do Mundo.

Por outro lado, ao se desculparem com a execução Orçamental dizem internamente e externamente (com especial incidência) que o veto não é feito por razões nacionalistas, ou proteccionistas, mas sim por questões que se prendem com o realismo e a exequibilidade do Orçamento em causa. Um duplo trunfo que, todavia, algum dia pode levar a uma derrota...

Quem está apenas nos Clubes (como a UE) quando existem festas e soirées, mas se ausenta no momento em que é preciso planear e arrumar a casa tende a ser posto de parte e a isolar-se. E paulatinamente tenderá a sentir que não é um membro do Clube e que, perdoem-me a franqueza, a Porta de Saída é serventia da casa. Vai sendo tempo do Reino Unido dizer se quer, ou não quer, ser Comunitário e Europeu!

E sem mais assunto, por hoje, o Fidalgo se despede...



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