Austeridade 5 - 0 Portugal

Estive estes dias todos sem escrever não por uma qualquer ausência de notícias sumarentas (assim fosse!), mas antes por me sentir aparvalhado (usaria melhor palavra, se me lembrasse de alguma) com as últimas notícias da Crise das Dívidas Soberanas ou da EuroCrise, como se vai vulgarizando na imprensa.

Primeiro veio o balão de oxigénio! Contra os planos e (estranhos) anseios de Madame Merkel, auto-coroada como Imperatriz da (des)União Europeia, Mario Draghi, Líder do Banco Central Europeu, anunciou que compraria dívida dos Estados da zona Euro sem qualquer limitação orçamental, ou percentual... Obviamente, desde que estes cumprissem certas metas!

Pensou o Fidalgo: "vai dar para não agravar a austeridade em 2013". No dia seguinte, Pedro Passos Coelho, actual primeiro-ministro e fiel pajem da Imperatriz, anunciou novas medidas que se traduzem numa única palavra: austeridade, austeridadE, austeridADE, austeRIDADE, AUSTERIDADE! A sangria, que eu julgara estancada, vai mesmo continuar...

O anúncio das medidas é pouco "estranho", se posto no contexto de uma Europa toda ela "em cortes". Hoje, por exemplo, a França de Hollande anunciou um plano de corte de 30.000 milhões de euros; a Espanha vai fazendo medidas e truques para não dizer que vai pedir um resgate; a Grécia voltou a falhar uma ronda negocial com os Cavaleiros da Troika.

E é com a troika que fica o meu maior pasmo... Enquanto a fórmula foi cumprindo, quase profeticamente, o que os seus autores achariam que se iria cumprir, a troika vinha a Portugal sempre muito "faladora" e os resumos, notas e recomendações eram feitos no final da visita, ou logo após a mesma... Desta vez, que a fórmula mostrou ter falhado (como tantos e tantos avisaram que falharia) a troika entrou muda e saiu calada.

Pior, entrou muda, saiu calada e deixou sozinho Pedro Passos Coelho com o estandarte das más notícias. A troika, quer parecer ao Fidalgo, é como aqueles parceiros de jogos de cartas que nos batem nas costas enquanto ganhamos jogos, mas que trocam a sua lealdade ao fim das primeiras duas ou três derrotas... Se o plano é de todos, então todos devem dar a cara por ele.

E não me venham com o argumento do "o plano é do Governo Português", que se assim fosse não existiria uma coisa chamada Memorando. Pedia-se decência, pelo menos ao nível institucional, mas pelos vistos numa era de cortes e reduções até na decência e na sensatez se decidiu cortar... E sem mais dizer, que ainda tenho ideias por assentar, me despeço... Por agora...


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