Liberdade de Expressão ou Vandalismo? Leitura da sentença das Pussy Riot...

Depois de uma necessária pausa para terminar a redacção do Doutoramento; e depois de ter andado na "tournée" das Conferências e Seminário eis que volto a re-activar o Fidalgo. E faço-o propositadamente hoje no dia em que as Pussy Riot foram condenadas a dois anos de prisão por vandalismo religioso (a pena máxima para este tipo de crime pode ir até aos sete anos), de acordo com o acórdão lido em Moscovo.

Este é um daqueles casos em que uma leitura simplista, como a imprensa e o Ocidente esclarecido tanto gostam de fazer, tende a incorrer em juízos precipitados e tendencialmente injustos. As Pussy Riot queriam "atentar" contra a figura de Vladimir Putin para muitos visto como uma espécie de czar da Rússia pós-soviética. E ao olharem para ele como czar, quiseram destruir a tríade de Uvarov publicada em 1833 de Autocracia, Ortodoxia e Nacionalidade.

As Pussy Riot que se entendem como a-nacionais quiseram atacar um regime que entendem como autocrático, por via de uma profanação de um espaço Ortodoxo (sendo a religião na Rússia Federal um sustentáculo do regime). As Pussy Riot tinham o intento (conseguido diga-se) de fazer tremer Moscovo, mas esqueceram que o Kremlin sempre que treme (e que teme!) reage. E fê-lo como esperado!

As Pussy Riot esqueceram também que o Direito ao Protesto e à Liberdade, que não se deve confundir com direito à Libertinagem, têm de ter em conta o Direito à Fé e o respeito pelo Sagrado. E o modo como invadiram a Catedral e como gozaram propositadamente com símbolos religiosos não pode ser deixado impune... As Pussy Riot representam também um duelo interno que molda a História da Rússia entre o Conservadorismo Ortodoxo Moscovita e o Radicalismo Cosmopolita Petersburguense que me remeteu para O Grupo dos Cinco!

Acho curioso que se aponte logo o dedo a Vladimir Putin, mas quer-me parecer que se uma "banda" invadisse a Basílica da Estrela e gozasse com a nossa fé para atacar alguém do governo também não iríamos achar muita piada. Não discordo da mensagem das Pussy Riot, mas os métodos são errados e cada acção dá lugar a uma consequência/reacção/situação... Chamem-lhe o que quiserem!

Esta ânsia Ocidental de procurar anti-Democraticidade no regime de Putin roça o patético, quando no Ocidente temos por exemplo o Reino Unido a ameaçar o Equador, por via de uma decisão que só ao Equador diz direito (e eu até acho que o Equador errou no julgamento que fez do pedido...). É anti-democrático o Putin "fazer" prender as Pussy Riot, mas é democrático que Mario Monti mostre pouca vontade de ter eleições em Novembro?

E como voltei hoje, por hoje aqui me fico...

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