O Myanmar e a Democracia Harry Potteriana!!!

As eleições na Birmânia,ou Myanmar, ou Burma (ele há países com nomes para todos os gostos!), provocam em mim sentimentos de insatisfação e de desilusão. Insatisfação para com os políticos da cena internacional que parecem satisfeitos com tão pouco e desilusão para com a sociedade civil transnacional que vai mostrando uma incapacidade de reagir às insuficiências da elite governativa...

Eu explico! A eleição de Suu Kyi está longe de provar que o Myanmar se encontra em rota de transição democrática; quando muito o país entrou agora num período de democratização moderada, o que não é o mesmo que assumir que: "agora é que vai ser; tornam-se democráticos num ápice!" Really? A eleição de Suu Kyi pode, de facto, ter algum poder simbólico, mostrar vontade de abertura, mas não é mais do que isso.

A eleição de Suu Kyi não prova, como quiserem fazer querer alguns analistas nacionais e internacionais, o poder da política no feminino (seja lá isso o que for!). A eleição de uma mulher não pode ser lida de modo causal... Elege-se uma mulher e vem a democracia! A sério? Então ninguém conhece mulheres com tendência autoritárias? Ou mesmo autocráticas? É preciso fazer a lista?

A eleição de Suu Kyi não prova que o regime é agora melhor do que era; quando muito demonstra que a persistência da oposição birmanesa e das sanções da comunidade internacional forçaram o regime a aceitar a senhora da Birmânia como elegível. O resultado não prova, de modo algum, que se esteja a assistir a uma mudança de regime. Ainda é cedo, demasiado cedo, para assumir isso...

A eleição tem ainda um lado paradoxal, para não dizer cínico (ups! já disse), da parte de Suu Kyi. Há uns meses atrás o Myanmar era um exemplo de cárcere das forças democráticas; era um país sem esperança de entrar em rota de alinhamento democrático procedimentalista na esteira euro-ocidental. Porém agora, o país que elegeu Suu Kyi como deputada da Câmara Baixa de um parlamento fortemente controlado pelos militares, da tal Junta supostamente desfeita, a Birmânia entra num novo ciclo.

Então, quer-me parecer, que a chave para uma transição democrática não passa por uma combinação multi-nível de uma série de factores conjunturais, estruturais e exógenos!!! Andam os académicos, como eu, a complicar a vida dos aprendentes e dos políticos com esquemas e propostas de análise da força das Democracias e da sua qualidade, quando a solução era apenas uma: eleger Suu Kyi!

A Sr.ª Deputada está mesmo preocupada em democratizar o seu país; ou isto não passou de uma revanche histórica do passado recente? O Fidalgo interroga-se se não existirá hipótese de uma transição para a democracia que não a tenha inclusa Sr.ª Suu Kyi?


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