Nobel da Paz ou de "Pás!"?

Estou abespinhado com as declarações da presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf nas quais defende a criminalização da homossexualidade. Não me vou por sequer com prédicas sobre a naturalidade da sexualidade mas focar-me apenas numa coisa: a Sr.ª Sirleaf, que defende estas ideias, num estilo aliás próximo ao que se faz no vizinho Uganda, foi Nobel da Paz em 2011!

Meio mundo ficou exultante de alegria porque três mulheres ganharam o Nobel da Paz. Entre as três laureadas estava Sirleaf porque, dissesse na altura, teria ajudado a Libéria a fazer uma transição política exemplar e a entrar num período de consolidação sociopolítica. Ora, quer-me parecer, que para uma Nobel da Paz recém-laureada este tipo de declaração entra na rota do contra-senso.

A Presidente da Libéria é assim uma Nobel da Paz na fronteira da esquizofrenia. Como se pode dizer que alguém defende a Paz, quando esse mesmo alguém pretende punir os seus concidadãos por terem nascido com uma predisposição genética diferente da dela? Como pode alguém ser defensora da Paz, quando essa mesma pessoa pretende instaurar um combate legal a costumes pessoais?

Da Academia Sueca não se ouviu, até ao momento, uma única palavra. E não acredito que se vá ouvir; pois que estas coisas tendem a perder o som junto dos ouvidos de muito boa gente. São as tais verdades pouco conveniente e diplomaticamente embaraçosas. Se o Uganda perdeu a ajuda internacional por culpa das ameaças de legislação homofóbica e o Quénia seguiu numa rota igual; porque razão o mesmo não acontece na Libéria?

Se eu achava que o Nobel da Paz roçava o pateta quando atribuído a Barack Obama, pouco depois de tomar posse como Presidente dos EUA, e na sequência de ter dito "para o Afeganistão e em força"... Com estas atitudes de Sirleaf e com o mutismo de uma comunidade internacional que anda devagar, demasiado devagar, o Nobel da Paz corre o risco de passar a ser menos importante que os Emmy ou mesmo os Razzie.

E contudo não me posso esquecer que a fortuna dos Nobel se deve à exploração da pólvora e à venda de armamento a ela associado. Os Prémios Nobel mais não são do que uma tentativa de limpar o nome do "mercador da morte" como o apelidou a imprensa francesa. E assim se explicam estes paradoxos. Quando se fala de Paz para os Nobel podemos não falar de Paz = Pacificidade mas de Paz = Pás! Estala o conflito...

E o Fidalgo retira-se por hoje!


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