É agora que "descoitadinhizamos" o ensino?

Ainda não sei bem como me posicionar em relação ao fim dos exames diferenciados para os alunos com necessidades especiais... Por um lado fico preocupado por uma aparente insensibilidade ministerial para com estes alunos; por outro lado percebo, apoio e aplaudo a medida. Porque o que é de mais enjoa e neste campo os abusos são mais do que muitos.

O estatuto dos alunos com necessidades especiais nem sempre foi muito claro. Quase todos nós tivemos um colega de turma, ou conhecemos quem teve um colega de turma que acedeu ao estatuto e nem sempre pelas melhores... Chegamos a perversidades como "ela enerva-se nos exames, coitadinha"; "ele não se concentra, coitadinho"! E a praga da coitadinhização foi-se alastrando!

Note-se que o Fidalgo não é contra diferenciar o que deve ser diferenciar; é contra, isso sim, o aproveitamento diferenciado do que deve ser homogéneo e justo. A tendência nacional para se coitadinhizar os alunos foi minando a qualidade dos mesmos de duas maneiras: 1.) desresponsabilizou os preguiçosos que, coitadinhos, precisavam de uma ajudita... 2.) desmotivou os bons alunos que não entendiam as benesses.

É por isto que entendo a medida do Ministro da Educação que, para já, vai pautando a sua actuação ministerial com nota positiva. Reforçar o ensino do essencial; reforçar o papel do professor; punir o aluno que transgride e "descoitadinhizar" o sistema. Se o travão não fosse posto a tempo, e mesmo assim já vai tarde, iríamos ter mais e mais pessoas com iliteracia alfabetizada. Ou seja, sabem o alfabeto mas não o sabem usar!

O aluno, já o disse antes, não é uma peça de museu. As frustrações, as provações, os castigos, as avaliações menos simpáticas fazem parte do processo de formação cívica e escolar do mesmo. No mundo "real" não costumam existir escapes, porque razão têm que existir na escola? O estudante, e não o escolante (que vai passear-se na escola, mas que não está muito interessante em estudar), tem que ser capaz de se superar e de aprender com os erros.

Sempre fui considerado um bom aluno na maioria das disciplinas/cadeiras/unidades curriculares mas sempre me vi em sarilhos em Educação Visual e Educação Física... Lá vinham as minha notas por aí abaixo... Isso não implicou que me senti-se um coitadinho! Em Educação Visual resignei-me a uma passagem com pouco sucesso pela disciplina; em Educação Física refugiei-me no Voleibol e no Trampolim... Tudo o resto era penoso mas ia-se fazendo... Coitadinho de mim? Não obrigado!!!


 Reforço e sublinho é preciso pensar num sistema que proteja os alunos com verdadeiras necessidades especiais; com verdadeira necessidade de um modo de avaliação diferente; tudo o resto deve ser posto no cesto do lixo. Mas, estou em crer, que o Ministro da Educação já terá acautelado isto... E se não tiver, o Fidalgo pode sempre dar a dica!


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