Cavaco, meu caro, isso não é política; isso é politiquinha...

Cavaco Silva conseguiu uma coisa: instalar-se no meu blog quando falo de política nacional e isso, tenho a dizer, é algo com que eu não contava. Não é contudo, pelas melhores razões, que vou referindo o Sr. Presidente da República! Antes fosse... Cavaco Silva alimentar por estes dias, e uma vez mais, uma polémica fraccionista...

Mas vamos por partes! Cavaco Silva, enquanto cidadão e enquanto detentor de um cargo político, tem todo o direito a ter uma opinião; Cavo Silva pode, e deve, ir dizendo o que lhe vai na alma. Mas, ao mesmo tempo que tem o direito à palavra, tem o dever de pensar nos efeitos dessa mesma palavra. Não é tanto o que diz, mas como e quando o diz, que vai tirando credibilidade ao Presidente da República...

Cavaco Silva é uma pálida imagem do que deve ser um Chefe de Estado. Como Monárquico que sou, acharei sempre que os Presidentes da República são uma não-utilidade em Portugal. Mas, também sei admitir, que Jorge Sampaio soube exercer o cargo com uma sageza que rareia no actual inquilino de Belém. Jorge Sampaio tornou o duelo de ideologias entre Monárquicos e Republicanos em algo interessante...

Com Cavaco Silva nem sequer temos direito a duelo.. Eu, por mim falo, não gosto de "bater em mortos"! Cavaco Silva decidiu publicar memórias, enquanto não perde a sua, nas quais hostiliza as relações que teria com S. Bento da era Sócrates. Uma vez mais digo, Cavaco tem direito a ter uma opinião; desde que no momento certo e com a noção daquilo que diz e de quando o diz...

Dizer que as relações com Sócrates eram menos boas; eram complicadas; eram belicosas; quando Sócrates se vai entretendo em Paris com o seu curso parece-me uma inutilidade. Aliás, o único efeito das palavras do Sr. Presidente da República saldou-se em reabrir feridas políticas mal saradas e quezílias que em nada ajudam a elevar o discurso político, que por estes dias ando fraquinho, desgastado, pouco interessante e desmotivador.

Cavaco Silva, Presidente da República, é mais um polarizador de opiniões e não um unificador de vontades, como aliás se pretende. Não admira portanto que acções cívicas como a petição com 40.000 assinaturas a pedir a demissão do Sr. Presidente (algo inédito no Portugal da III República) vão surgindo e multiplicando-se. E apesar de estas acções se saldarem numa nulidade de efeitos, ficam sempre as marcas profundas do seu simbolismo político.

Cavaco Silva está tão pronto para ser Presidente da República, num país que precisa de Monarquia, como eu estou pronto para jogar futebol... E acredite o leitor que isso sim seria um desastre... Vai por isso fraco, quase esgotado, o diálogo político em Portugal. E numa altura em que se exige elevação; inovação; esforço; dedicação e Alta Política, o mais alto representante do Estado vai-se limitando a um desfile de incoerências e a uma política que é apenas politiquinha...

E fico-me por aqui... Por agora...


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