Quer um cházinho Sr. Primeiro-Ministro?

Nos dias que correm o stress deixou de ser uma doença das sociedades hodiernas, para ser antes uma condição dessas mesmas sociedades. Vivemos em constante stress porque criámos a ilusão de que conseguimos ser tudo, ao mesmo tempo, com a mesma proficiência e no final não nos realizamos a 100% em nada... Mas deixarei tais reflexões para outro post!

Vi com espanto as declarações de Pedro Passos Coelho, o actual Primeiro-Ministro da lusa gente, nas quais exortou o povo português a "ser menos piegas". Isto depois de ter dito, alguns dias antes, que uma Nação com orgulho não anda sempre de mão estendida. E perante isto eu, que hoje ia escrever sobre a política das Maldivas, lá tive que repensar os meus intentos!

Compreendo a frustração do Sr. Primeiro-Ministro, num país que se habitou a ser subsidiado em tudo o que fazia, chegando-se ao cúmulo do subsídio para subsidiar o subsidiado. Compreendo a frustração do Sr. Primeiro-Ministro num país que se foi encostando às "vagas" de fundos europeus e a esquemas simples, nos quais labutar era parvoíce e parasitar imperativo. Compreendo tudo isto!

Percebo que o Sr. Primeiro-Ministro queira exortar os portugueses; injectar adrenalina nos cidadãos que ainda se encontram entre a apatia política e o pânico mediático. Percebo que o Sr. Primeiro-Ministro queira transformar imobilismo e "chico-espertismo" em empreendedorismo e inovação. Percebo que o Sr. Primeiro-Ministro queira um país que seja em pleno e não que se deixe pasmar, numa placidez aborrecida e que não pode trazer nada de bom. Percebo-o!

Mas não acha que lhe fica mal dizer o que disse, da forma como disse? Não acha que é menos próprio o tom paternalista, que roça a arrogância, com que fez as ditas declarações? Não acha que é pouco correcto dar uma bofetada em quem lhe deu um voto de confiança? Não me diga, Sr. Primeiro-Ministro, que não conhecia aqueles que ia governar? Ou que acreditava numa mudança feita em três dias e duas noites? Espero que não me diga sim a esta última questão...

As mudanças de comportamentos, de hábitos, de modelos de vida, levam tempo (muito tempo) a sedimentar. Compreendo que o tempo não está para perder tempo; mas compreenderá também que o tempo não está também para rezingonices.

Percebo que o tempo é de agir, de mudar, de transformar; mas perceberá também que a mudança deve vir de cima e é de cima que ela tem tardado... Ainda ecoa nos meus ouvidos o infeliz discurso do Presidente da República e as nomeações com regalias sociais que a sociedade não pode gozar!!!

E enquanto vai bebendo chá de tília, ou de camomila, ou de lúcia-lima ainda lhe digo, Sr. Primeiro-Ministro, que o país não deve (de facto) ser piegas; mas também não deve ser a casa de Janus... Compreende?


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