A novidade não mora ali...

Sabe quem me conhece que sou um optimista congénito. Adoro pensar de modo positivo; dando sempre uma oportunidade ao que é novo de mostrar que irá cumprir-se pelo melhor... E por isso achei que o fim do longo khanato de 25 anos (sim, um quarto de século!) de Carvalho da Silva na CGTP e a chegada de Arménio Carlos poderia trazer algo de novo.

Aliás, esperei isso não apenas por optimismo onírico mas também porque o novo Líder Supremo da CGTP prometia formas de luta novas... Mas de novas cores é que não se pinta o cenário do sindicalismo português, aliás nem sequer se mudou o tom da cor que ficou... Carvalho da Silva, na verdade, não saiu; foi apenas trocar de nome, de corpo, de rosto, mas não de ideias, ideais e outras coisas que tais...

Arménio Carlos anunciou hoje uma nova greve para 22 de Março. Sim, mais uma greve... Que irá somar-se à greve da CP de 21 de Fevereiro; irá somar-se à manifestação do último fim-de-semana. É, como já disse e repeti, esvaziar a greve do seu poder atómico, por tanto se usar a mesma. Os sindicatos continuam a não conseguir dialogar, porque estão entrincheirados numa visão da sociedade utópica, que não se consegue impor com a legitimidade do voto popular e que tenta sobreviver pela via da actividade sindical!

Arménio Carlos, repito, prometia novidade; mas não vi ainda nada de genuinamente novo. É verdade, e dou a mão à palmatória, que o alguns membros do governo provaram ser pouco hábeis na arte da negociação; mas é igualmente verdade que os sindicatos têm provado ser pouco imaginativos para contornar esse bloqueio.

Pior, não só não são imaginativos como são demagogos. Apresentando, não raras vezes, propostas irreais que sabem que serão recusadas. A UGT, entretanto, tem mostrado uma tentativa de modernizar-se; tem tentado provar que sabe ceder quando necessário e tem sido, por isso, atacada pelas estruturas sindicais que Arménio Carlos encabeça.

Parece-me, por tudo isto, que vai amorfo, enfadonho e desinteressante o sindicalismo nacional. Os líderes sindicais, muitos dos quais verdadeiros apparatchik que não trabalham desde as calendas, estão presos a uma retórica beligerante e a um modo de agir que fazia sentido no século XIX; que era descontextualizado no século XX e que quase não merece comentário no século XXI.

Não gosto de avançar prognósticos, mas quer-me parecer que a greve geral tenderá a ser tão impactante quanto fogo fátuo. Isto claro se excluirmos os autocarros com reformados (um clássico da CGTP) e as pessoas que vêem em passeio e não em protesto à capital. Cheira-me que a Greve Geral poderá ser um geral falhanço. Mas isso é esperar para ver...

E assim o Fidalgo termina a sua predica de hoje...

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