Israel-Irão e a antecâmara de um filme de terror?

A retórica em torno da muito mediatizada dicotomia Irão-Israel (é difícil dizer histórica quando Israel não tem sequer 100 anos de História) agravou-se nos últimos dias e isso, tenho a dizer, preocupa-me e muito. Os dois lados têm mostrado, com uma nitidez que perturba e envergonha, o pior lado da natureza humana: arrogância, mesquinhez e pequenez.

O discurso sobre o programa nuclear iraniano, tenho que dizer, é todo ele muito nebuloso. Quanto a mim parece-me insuficiente o facto dos EUA dizerem que existem indícios de uso militar de energia atómica. Foram os mesmos EUA, com uma Administração diferente mas uma política militarista comum, que alardearam ao mundo sobre as armas atómicas iraquianas (que venderam ao aliado Saddam!); armas essas que nunca apareceram.

É igualmente irónico, para não dizer ilógico, o facto de Israel se queixar do perigo do Irão poder vir a ter equipamento nuclear, quando Israel tem no seu arsenal esse mesmo tipo de equipamento. E pergunto-me: porque podem os israelitas ter algo e os iranianos não podem? Levar duas criancinhas a uma loja de doces e a comprar chupa-chupas apenas para uma, não pode dar bom resultado e o Tio Sam já devia saber isso (a avó Europa também podia ser mais interventiva, mas dependemos da placidez entediante de Catherine Ashton)!

O discurso belicista e prepotente iraniano também não ajuda. E já nem falo do facto de falarem em "Ocidente" como um conceito adquirido (primeiro definam-me Ocidente pode ser?)... É tão patético quanto tenebroso que se prometam compensações financeiras aos países/milícias/grupos armados que atacarem Israel. A mesma Israel que é protegida pelos EUA; os mesmos EUA que estão a sair lentamente de uma ronda de tripla derrota (Iraque-Afeganistão-Paquistão).

Não consigo apontar soluções fáceis ou viáveis para a região; até porque a minha veia de investigador refreia-me. Não tenho o background suficiente para me poder pronunciar com clareza e sem dizer grandes disparates; mas há uma coisa que eu gostaria de apontar: se Israel não consegue relações estáveis com nenhum vizinho (o Egipto pós-Mubarak ainda é um player incerto) não seria mais coerente pensar num plano B? Sei lá, numa deslocalização do estado israelita...

E nem me venham com argumentos históricos, porque esses tendem a dar mais razão aos Palestinianos e demais povos Árabes do que aos Israelitas. Se o impulso final para a criação do estado de Israel foi o Holocausto Nazi então porque não criar Israel dentro da Alemanha? Lady Merkel alguma coisa que me queira dizer sobre isto? Ou vai mandar baixar o rating do meu blog? -.- Porque é que uns fazem os erros e os outros é que pagam?

E fico-me por aqui...

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