Importa-se de repetir Madame?

Juro que por muito que tivesse pensado em temas para o post de hoje, nada me faria pensar em algo tão inesperado... Aliás ontem, depois de escrever sobre as palavras inglórias de Pedro Passos Coelho, pensei que hoje iria olhar para as Maldivas ou para a Somalilândia (projecto autonomista de um estado na Somália, com apoio do Quénia), mas uma vez mais a realidade obriga-me a mudar os planos...

Curiosamente, o post de hoje tem uma ligação com o de ontem: uma vez mais, aquilo que é dito (e claramente não é pensado!!!) vem para os escaparates dos jornais. E sem mais rodeios passo a apresentar a protagonista de hoje: Madame Nora Berra, Secretária de Estado da Saúde francesa. Ao que parece, avançou o Libération, a dita responsável política cometeu uma daquelas gaffes que promete fazer furor nas redes sociais e nas conversetas de café.

Pois diz Madame Berra (não, ela não estava a gritar, é o nome da senhora!) que a melhor forma dos sem-abrigo (entenda-se, gente sem casa) se proteger do frio é... Hipótese a.) Bebendo cacau; Hipótese b.) Abrigando-se no metro; Hipótese c.) Comprando um gorro e umas luvas? Nenhuma! Para Madame Berra a melhor forma dos sem-abrigo se protegerem da vaga de frio é não saindo de casa! -.-

Ora quer-me parecer que isso é uma medida que só peca por tardia; já que os mesmos, por conceito, vivem na ausência da casa, da qual não podem sair. Confusos? Também eu! É o mesmo que dizer a alguém de muletas, para ter cuidado que se cair magoa o pé! Avisos à posteriori são tão úteis como covetes de gelo na Antárctida. Madame Berra deverá esclarecer nas próximas horas, sem berrar, de que casa é que eles não devem sair!!!

As declarações inesperadas e, quer-me parecer, surreais de Madame Berra não são uma novidade para os gauleses. Afinal, foi na França pré-revolucionária que a mulher de Luís XVI, Madame Maria Antonieta, terá dito, aquando de manifestações populares por causa da fome que grassava no reino, que "se o povo não tem pão, que coma brioche". Desta vez quem não tem casa, que não saia de casa para se proteger do frio... Isto se conseguirem sair de uma coisa onde não entraram... Porque não a têm...

Uma vez mais escrevo sobre a necessidade de quem está em cargos públicos ter cuidado com o que diz e como o diz. Por vezes a forma importa, de facto, mais do que o conteúdo. E quando se erra? Quando se erra pedir desculpas é sinal de boa-vontade e só fica bem a uma classe (a dos políticos) que precisa urgentemente de melhorar a sua imagem. Mas isso são apenas umas dicas aqui do amigo Fidalgo....

E agora vou beber chá e fechar-me em casa, da qual não vou sair até amanhã!


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