Estudando o Norte, mas olhando para Sul...

Vai complicada a vida na república da Ossétia do Sul. A região independentista que em 2008 esteve no fulcro da Guerra Russo-Georgiana volta a viver um momento conturbado, contrastando com a, pelo menos aparente, calma que reina na república da Abkhazia.

O começo da tensão começou no decurso da marcha eleitoral que que terminou com um impasse político entre Alla Dzhioyeva e Eduard Kokoity. Dzhioyeva, antiga Ministra da Educação da república Osseta, reclama vitória no sufrágio eleitoral mas o Tribunal Eleitoral discordou e anulou o sufrágio. Uma série de rondas negociais estabeleceram uma série de reformas que levariam, gradualmente, a uma transferência de poderes de Kokoity para Dzhioyeva... Nada aconteceu!

Frustrada com o evidente "bloqueio" de Kokoity, a líder oposicionista pediu ao presidente interino Brovtsev que intervisse... Mas pouco mudou! E agora, na sequência de um raid policial a líder política foi hospitalizada, após um pico de tensão alta que colocou o quadro clínico de Dzhioyeva em risco. E assim se vai desenhando a vida política na região da Ossétia do Sul.

A Rússia, que foi o primeiro estado a reconhecer a república da Ossétia do Sul (e que curiosamente nos seus websites noticiosos coloca esta notícia na secção Internacional), tem actuado com imensa cautela diplomática; apesar de ser notório o desejo de se posicionarem personalidades políticas leais a Moscovo nas posições-chave. Habilmente, Moscovo vai aproveitando as crises políticas locais para alterar (discretamente) o posicionamento dos seus homens.

A república da Ossétia do Sul que já antes reclamara o direito à autonomia, avançou em Agosto de 2008 com a declaração unilateral de independência. O Ocidente americanizado clamou contra a "agressão na integridade territorial georgiana". Um argumento simpático, mas que não satisfaz se nos lembrar-mos que a integridade da Sérvia não foi respeitada na independentização do Kosovo.

Vai sendo tempo de os EUA pararem de se arrogar ao título de juízes do mundo livre. Porque razão os seus protectorados, mormente o Kosovo e Israel, têm mais direitos que a Ossétia do Sul ou que a Transnítria? Enquanto a política se reger por critérios ambíguos, pouco claros e injustos será complicado recuperar a credibilidade, perdida aos olhos da sociedade civil da aldeia global.

E o Fidalgo vai de fim-de-semana...


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