É agora que o Acordo gerará acordos?

Disse hoje o Secretário de Estado da Cultura que no que respeita ao Acordo Ortográfico, com o qual poucos concordam, que há ainda existem formas de aperfeiçoar o mesmo. O Secretário de Estado da Cultura saiu assim em defesa de Vasco Graça Moura e, na minha opinião, a atitude só lhe fica bem. Aplaudo-o por isso!

Finalmente parece que chegamos a acordo sobre uma coisa, o actual Acordo Ortográfico no mínimo, para sermos diplomaticamente correctos, precisa de ser aperfeiçoado. Diria eu, que o Acordo precisa ser revogado, mas a mediação inteligente do Secretário de Estado da Cultura parece-me uma boa solução. Rasgar o Acordo? Não... Portugal vai apenas redesenhar algumas das suas premissas.

Esta nova tomada de posição deixa-me contudo a pensar... Se existem mecanismos para aperfeiçoar o Acordo, que tanto desacordo foi causando, porque razão apenas ouvimos falar deles agora? Foi preciso Vasco Graça Moura iniciar uma pequena rebelião, amplamente aplaudida, para que se lembrassem (aqueles que decidem) que os mecanismos estavam lá, prontos a usar?

Os protestos, os abaixo-assinados, as iniciativas civis, não chegaram aos ouvidos da governação? Ou, tremo de pensar nisso, a anterior governação era mesmo autista; cristalizada no seu mundo de certezas e de não-erros. A anterior governação, o executivo que antecedeu o de Passos (para os mais distraídos), estaria assim tão certa do brilho fosco deste Acordo com o qual não se concorda?

Será preciso perdermos o Ministério da Cultura, para que a Cultura ganhe vida? Se for, é triste, mas pelo menos vislumbram-se soluções. Se for, se houver coragem política para ser, serei o primeiro a aplaudir o Sr. Secretário de Estado. Porque se há coisa que estamos de acordo, em relação ao Acordo, é que o mesmo não funciona tal como está. De acordo?

Que o tempo que temos, até 2015, seja usado com sageza; com coragem e espírito intrépido. Com aquele querer conquistar novos mundos, que não se fazem de naus e caravelas mas de canetas e fonemas. Se soubermos usar esse tempo, esse génio, esse espírito, então talvez toda esta austeridade tenha produzido algo de valor. Talvez tudo isto tenha valido a pena...

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