Vossa Majestade volte...

Estou ainda em estado de perplexidade com a falta de sensatez do mais alto dirigente do Estado Português, quando diz que a sua reforma pode não lhe chegar para pagar as despesas... Estou em estado de perplexidade com a falta de sentido de oportunidade que o Presidente da República tem de cada vez que fala. Não foi há muito que nos interromperam o Verão para se falar do estatuto dos Açores, para espanto de todos...

Sabe quem me conhece que sou um Monárquico convicto. Defendo que em Portugal a evolução sociopolítica do país pede por um Chefe de Estado não-eleito mas responsabilizável pelo seus actos. Afinal as Cortes existem para alguma coisa. Um Chefe de Estado que fica acima de interesses e politiquices de primeira esteira. Óbvio que um Chefe de Estado do tipo monárquico não significa um homem sem opinião, apático e amorfo... Para isso mantemos o actual inquilino.

Um Rei, ou uma Rainha, poderá sempre posicionar-se; poderá sempre mostrar a sua opinião; mas esta terá que ser destrinçada da sua actuação política. Um Rei, ou uma Rainha, será um ser humano com falhas e com virtudes, como qualquer um de nós, mas com a particularidade de ser talhado desde o berço para o mais alto cargo governativo. E, volto a sublinhar, se provar a sua incapacidade o mesmo Rei/Rainha será deposto e a linha de sucessão encarregar-se-à do resto.

Em Portugal sempre que dizemos a palavra Monarquia perguntam logo se não gostamos de viver em Democracia. A maioria dos Monárquicos adora viver em Democracia e fica, como eu, a sorrir pela confusão gerada. O ranking do "Economist Intelligence Unit" responde a esta confusão sozinho: nos 10 países do top 7 são monarquias e 3 são repúblicas. Eu repito 7 dos dez regimes mais democráticos do mundo são monarquias. Acho que fica desfeito esse mal-entendido.

Dizem que com que direito um Rei é Rei apenas por nascer na família X. Que no sistema Republicano todos podemos ser Presidentes? Podemos mesmo? E a restrição da idade? Se morrer antes dos 35 anos não sou elegível. E a questão do cadastro? E a questão das assinaturas? E o financiamento da campanha? Podemos mesmo todos ser Presidentes? Ou alimentamos uma ilusão utópica, que não tem provado os seus frutos.

A Monarquia Portuguesa sempre foi progressista, desde o seu nascimento. D. Afonso Henriques, por exemplo, nunca introduziu a Lei Sálica (que excluía as mulheres de acederem ao trono); se não tivemos tantas Rainhas como a Rússia foi por questões de ordenamento interno e não por impeditivos legais. A Monarquia Portuguesa tinha um Parlamento Bicamaral funcional, que governava o país mas que não apaziguava a fome de quem se queria entronizar, nem que fosse temporariamente, rei...

A República o que trouxe a Portugal? Instabilidade nos primeiros 16 anos; seguidos de uma ditadura que levou quase meio-século e agora sim estamos a tentar re-construir o esqueleto democrático que os Monárquicos lançaram no começo do século XIX. Em Monarquia o Chefe de Estado é um guardião da Cultura e da Sociedade em geral; em República o Presidente é um "ocupante" da cadeira, que logo logo será ocupada por um outro... É se no máximo um gestor institucional...

Em Monarquia continuamos a ter que sustentar a Família Real, pensarão ainda alguns. Não necessariamente. A instauração da V Dinastia poderia trazer inovações legais que ditassem limites ao Orçamento da Casa Real e que acabassem com o sustento de vários ex-presidentes, que encarecem o erário público e que nem sempre merecem o encarecimento do mesmo. Em Monarquia não teríamos cavaquices a desfilarem na televisão na hora do jantar...

E acho que já provei o meu ponto.


Comments