E ainda faltam 360 dias...

O ano 2012 ainda agora começou e o cenário é já em si dantesco, levando-me a questionar se os ameríndios Maias não terão razão... Se assim for a 21 de Dezembro lá se vai tudo e andei eu a esforçar-me para ter um Doutoramento que apenas "desfrutarei" alguns escassos meses... Enfim; não é de misticismo ou de previsões astrológicas e religiosas que escrevo hoje.

2012 começa mergulhado num aparente caos, herdado de um 2011 intenso. Comecemos pelo óbvio, a Primavera Árabe, que os media apadrinharam com tanto carinho, parece estar a resvalar para um Inverno Belicoso com a Líbia, a Síria em cenário de guerra civil e com explosões de violência demasiado regulares no Yemen e no Bahrein. E mesmo o Egipto ainda está longe de estar estabilizado...

No Iraque a violência inter-étnica e inter-religiosa vai dando sinais de uma vitalidade preocupante; ao mesmo tempo que o Afeganistão e o Paquistão tentam reconstruir a sua política pensando mais na Economia e nos Interesses, do que no que mais interesse: no cidadão, no ser humano entendido de modo singular. No Irão a tensão também cresceu e são cada vez mais os sinais de um potencial conflito regional, se não mesmo internacional.

O cenário negro continua. Os Sudões estão em conflito e apesar de a comunidade internacional só reconhecer a República do Sudão e a República do Sudão do Sul quer-me parecer que estão ali três e não duas entidades políticas... Quer-me parecer que o Sudão ainda vai ser retalhado. O conflito na Somália não dá sinais de abrandamento, apesar da desistência das tropas da Etiópia parecer um bom sinal, não nos podemos esquecer do endurecimento da retórica vinda do Quénia.

A Costa do Marfim, o Congo e a Guiné-Bissau voltaram a dar provas de que a adopção dos modelos democráticos ocidentais às realidades locais, sem um ajustamento cultural, resultam em consequências mais gravosas do que benéficas... Mas ninguém viu nada, como sempre! Na Nigéria há cada vez mais sinais de que o país se prepara para uma vaga de confrontos etno-religiosos, que podem resultar num desfecho apocalíptico.

A animosidade beligerante entre as duas Coreias também voltou a reacender-se no momento em que Kim jong-Un entra em cena (se fosse uma monarquia o novo líder da Coreia do Norte seria muito provavelmente Kim Jong III). A Índia percebeu, no final de 2011 diga-se, que o seu sistema político está bloqueado pela dimensão e diversidade populacional de um país desenhado de modo assimétrico e cheio de problemas sociais complexos. Na China também há protestos, mas para já nada que o governo central não saiba serenar e resolver.

No meio de toda a loucura, e talvez por causa dela, a OSCE vem anunciar que não vai monitorizar as eleições do Turcomenistão; felizmente não se esperam eleições no Quirguistão, no Uzbequistão e no Tajiquistão para este ano. Na América Latina, o Chile continua a viver uma onda contestatária que, apesar de pouco mediatizada, pode ser importante para se compreenderem em profundidade os acontecimentos políticos locais, já que o Paraguai e a Colômbia parecem seguir o mesmo caminho. 

Na Europa a crise das Dívidas Soberanas já fez mais uma vítima: a Hungria. E a marcha dos estados "fmizados" promete continuar... A vizinha Rússia vive um inesperado clima de contestação, ao qual muito esfregam as mãos de contentamento... Lembro que as mutações políticas na Rússia estão marcadas por momentos de sangue e tragédia. Ao Império sucedeu-se uma guerra civil; à União sucedeu-se a Catastroika. Portanto de onde vem o contentamento?

E no meio de tudo isto, vá-se lá saber como, eu ainda acho que eu 2012 temos hipótese de dar a volta por cima. Ainda podemos reconstruir o que começámos em 2011 e demolir alguns dos erros preservados no ano transacto. Ainda acho que em 2012 muita coisa positiva pode acontecer. Afinal 2012 só esgotou 6 dias, só precisamos de saber gerir os outros 360.

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