Sim já sei, são todos incompetentes... E se não for assim?

Este é um daqueles posts perigosos, que irá dividir opiniões e que pode gerar mesmo algum desconforto em alguns dos leitores e, portanto, um dos que mais prazer me vai dar a escrever. Comecemos pelo posicionamento (tão importante a quem trabalha na e para a Academia): não votei nos deputados parlamentares que geraram capital político para a formação do actual governo (votei em branco, que na altura me pareceu a mais acertada das escolhas).

Dito isto, confesso que ando a ficar sem paciência para a conversa do "Se é político é incompetente"... Quer-me parecer que o nexo de causalidade (político logo incompetente) é perigoso, pernicioso, populista e, no fim de contas, desnecessário. É óbvio que há políticos incompetentes, mas não me digam que nas outras profissões não encontra os menos profícuos?

A converseta de café não leva a lado nenhum! Dizer que "eles são todos iguais", "fazem todos o mesmo", "são todos incompetentes" serve de catarse, para os espíritos menos exigentes, e pouco mais... Não digo que se faça vénia ao actual Executivo, não vamos a tanto, mas gostava que se fizessem comentários mais justos, menos pré-formatados e menos preconceituosos.

Acho escandaloso que se aumentem, por exemplo, as taxas moderadoras, mas isso é o que dá ter um Ministro que é apenas um Gestor e ao qual faltam competências para compreender a complexidade e as sensibilidades próprias dos profissionais da Saúde. Sabe quem me conhece que este foi o único Ministro que, desde a sua nomeação, me deixou reservas e, infelizmente, só confirma o que achava dele... Não devia estar na tutela do Ministério da Saúde; e a sua substituição seria mais do que apropriada.

Mas, por exemplo, acho interessante algum do trabalho de Nuno Crato, com a truculenta pasta da educação. Aumentar a carga lectiva de Língua Portuguesa, Matemática, Físico-Química, História, Ciências Naturais e Geografia e suprimir Área de Projecto (uma aberração!!!), Estudo Acompanhado (uma inutilidade!!!) e Formação Cívica (seja lá o que isto for!!!) são sinais de uma revitalização curricular interessante e que merece, para já, o meu voto de confiança.

Antecipar as Tecnologias da Informação e Comunicação para o 2º ciclo e repensar a Educação Visual e Tecnológica também me merecem um voto de confiança, que estou disposto a dar ao Sr. Ministro. A somar-se a isto uma concentração dos currículos no 12º ano para quatro cadeiras apenas, que permitirão uma melhor gestão do tempo e eliminarão desculpas para maus resultados. E portanto parece-me, mas posso ser eu, que há quem esteja a fazer bem o seu trabalho!

Gostava, claro, que se investisse mais no sector da Investigação, que eu não tivesse apenas "meia-ideia" sobre o meu futuro profissional; sobre o que me vai acontecer no final do Doutoramento. Mas tenho a honestidade intelectual para admitir que as reformas começam na base, tal como as casas não se começam a construir pelos telhados... Mas pode ser que venham boas novas por aí!

E para já fico-me por aqui...

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