Para quem não conhece o valor do silêncio!

A Europa prepara-se para mais uma Cimeira na qual, quer-em parecer, a auto-eleita Imperatriz Merkel e o seu pajem Sarkozy irão estar mais concentrados em sancionar, sancionar, sancionar do que em criar verdadeiras soluções pensadas com espírito de solidariedade e visão comunitária! A parelha franco-alemã entrou num caminho perigoso e, em vez de serem os heróis da Eurozona, arriscam-se a ser os carrascos da mesma. E não estou sequer a ser catastrófico....

De cada vez que Merkel e Sarkozy, qual duo romântico piroso, apresentam uma medida fico sem saber como reagir. Não sei se rio do grau de idiotice, se fico assustado com a frieza e a incapacidade de mostrar espírito solidário, num projecto supranacional que se desenhou numa perspectiva comunitária.Quer-me parecer que o valor comunitário, base do projecto europeu (pelo menos em teoria), está perdido e não dá sinais de vir a aparecer nos mapas ou GPS dos Senhores da Europa.

Pior do que as intervenções disparatadas, se não mesmo desnecessárias, de Merkel e Sarkozy têm sido os silêncios do Presidente da União Europeia, o belga Roumpy... Ou pelo menos assim o pensava... As declarações que fez hoje onde defende (entre outras barbaridades) mecanismos sancionatórios automáticos, prosseguindo o caminho de obsessão pelos números e de desumanização das políticas europeus, provam que eu estava errado...

Mais vale manter-se no Reino do Silêncio, já que quando fala só consegue dizer disparates e aumentar (sem necessidade) a entropia, num debate político já de si congestionado, bloqueado pela incapacidade de se querer admitir que é preciso um novo paradigma económico, um novo modus operandis que solucione problemas criado pelo actual "sistema". Como Presidente da União Europeia urgia que tivesse um papel de mediador e um papel activo na busca de solução, ao invés de andar a reboque da perigosa (não há outra forma de o dizer) auto-eleita Imperatriz germânica e do seu pajem gaulês.

Urgia a Herman Von Roumpy colocar o Reino Unido na rota do diálogo com os seus parceiros germano-francês; já que de terras de Sua Majestade chegam sinais de um novo impasse, de uma não-vontade de se "suicidar" a (restante) soberania Britânica para satisfazer a voracidade dos mercados, e as agendas políticas de certos líderes... Era a Roumpy que caberia o papel de coordenar os trabalhos na busca de soluções, ao invés de ser um espectador passivo que fala pouco e que nas poucas vezes em que fala não o devia fazer...

Aprendia na minha licenciatura em Comunicação Social, numa aula de Psicossociologia da Comunicação, que os silêncios também falam... E que por vezes é melhor não dizer, se aquilo que vamos dizer não tem relevância ou traz ruído em vez de mensagem! Talvez conviesse a Roumpy ler os apontamentos que fiz dessas aulas... Pode ser que ajudem o Presidente menos presidencial (e residualmente activo) do espaço Europeu?

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