Hoje é dia de criticar para sugerir!

Começo o post de hoje puxando dos meus galões, para os invalidar logo em seguida... Tenho um Bacharelato (esse grau que Bolonha canibalizou, mas que tem provado fazer muita falta) e uma Licenciatura em Comunicação Social e mesmo assim tenho tido inúmeras dificuldades em compreender o comportamento da imprensa portuguesa nos últimos meses. E não gosto muito, do que pouco que vou lendo nas entrelinhas...

É "tendencial", em Portugal, que as redacções dos jornais se inclinem mais para apoio a partidos de Esquerda e, portanto, sejam um pouco mais vigilantes a governos de Direita (ainda não estou a criticar, mas a observar apenas!). Mas uma coisa é ser vigilante, outra, muito diferente, é inventar para pressionar; inventar com agendas próprias e muito dúbias! E não me digam que não acontece, que eu trabalhei numa redacção onde tal acontecia e descaradamente.

Faz-me confusão que, nas últimas semanas, quem esteve atento, viu mais vezes os Ministros e Secretários de Estado a desmentirem notícias, do que a inventarem discursos ardilosos, cheios de artifícios retóricos que nos "prendem" num labirinto de sentidos sem sentido. A última dessas "ondas" tem sido em relação às taxas moderadoras...

Primeiro fez-se publicar que os aumentos iam disparar para os 10€ e o Ministro da Saúde (que como já disse não me inspira grande confiança!) lá veio dizer que o aumento não estava sequer decidido. E hoje vejo num jornal que a troika terá dito (se é que disse mesmo!) que os aumentos das taxas moderadoras deviam ser ainda maiores... Ora usar a troika como desculpa para os erros jornalísticos parece-me não só infantil, como patético. Mas claro que posso estar a ser injusto, e as minhas desculpas se for o caso!

Vejo por isso com bons olhos a prática norte-americana de se "assumirem" as ideologias dos meios de comunicação social, evitando-se assim injustiças e suprimindo-se alguma falta de ética. Em Portugal, num momento específico, a Rádio Renascença fez o mesmo, assumindo a sua posição editorial num tema fracturante (Referendo para Descriminalização do Aborto). A prática, sugiro eu, deveria ser seguida e replicada o mais possível.

A assumpção de que os meios de comunicação são 100% imparciais, rigorosos, criteriosos, objectivos e tudo o mais é tão desejável quanto utópica. Os jornalistas são seres humanos e como seres humanos (mesmo que vestindo a máscara profissional) tendem a posicionar-se, a enquadrar-se, a "arrumar-se" em certos compartimentos, rejeitando, ou desvalorizando as outras prateleiras possíveis.

E, por isso, quer-me parecer que seria mais justo para o leitor, e também para o jornalista, trabalhar numa redacção que assumisse a sua genética editorial, o seu arrumo ideológico, ou invés de se maquilhar tudo com pó de arroz de má qualidade! Fica a sugestão do Fidalgo.


Comments