Cultura Democrática, 2nd round!

Eu vou, provavelmente, soar a repetitivo mas não tenho como evitar... Ver os mesmos erros, repetidos vezes sem conta deixa-me aziado e nada melhor do que um blog para extravasar a azia; antes que ela se apodere do meu feitio. E ai sim poderão dizer: Houston We Have Problem!


Publicámos hoje no Observatório de Segurança Humana, pelo terceiro dia consecutivo, notícias sobre a crise política no Iraque. A mesma crise que se agravou com a saída dos norte-americanos de cena, como aponta a imprensa internacional. Duas notas sobre isto: 1.) a saída norte-americana apenas adensou uma crise que se vive, pelo menos desde 2007, e que levou a um complexo processo negocial sobre a Constituição Iraquiana. 2.) a saída norte-americana revela apenas que os iraquianos não estão prontos para o jogo democrático imposto, sem democraticidade, pelos amiguinhos ocidentais.

A verdadeira paranóia democratizante em que caímos no Ocidente, roça o patético. As inúmeras provas que já tivemos de que o sistema não se pode socorrer apenas da parada eleitoral, parecem não abrir os olhos aos dirigentes políticos da cena internacional. Os exemplos de distorção e de efeitos perniciosos são tantos, que confesso a minha estranheza na nossa incapacidade de aceitarmos o óbvio: é necessária cultura democrática, para que a democracia funcione.

Sem a cultura democrática de que falo exemplos como uma República Democrática do Congo com dois presidentes, ou uma Papua Nova Guiné com dois Primeiros-Ministros irão apenas replicar-se. Sem cultura democrática, entende-se que a parada eleitoral na Costa do Marfim (que durante sete meses também teve dois presidentes) tenha tido uma taxa de participação anormalmente baixa, no sufrágio legislativo que confirmou o partido do Alassane Outtara como grande vencedor.

Sem cultura democrática continuaremos a ver o Egipto a mergulhar em violência nos "intervalos" entre as várias rondas de votação que só terminarão a 11 de Janeiro. Sem cultura democrática fenómenos como os da última ronda eleitoral legislativa na Federação da Rússia, ou como a tensão ainda visível na sociedade tunisina, não serão aplacados.

Sem cultura democrática, a Bósnia-Herzgovina continuará a viver um impasse político que os líderes europeus, para meu espanto e desespero, continuam a ignorar. É importante preocupar-nos com o que se passa no mundo, mas seria determinante mostrar capacidade de "arrumar" a casa... E a Europa dos Balcãs, da Ucrânia, da Bielorrússia e do Cáucaso continua longe de estar arrumada!

E tudo isto se resolve com duas palavras: cultura democrática!!! O que garantiu a transição, mesmo assim pouco pacífica, da Monarquia para a I República foi a vida parlamentar e o sistema de sufrágio (limitado por certo, mas existente) que foi preparando a populaça para o que vinha por aí (embora eu continue a achar que a Monarquia Parlamentar e Constitucional é uma solução mais à altura do País).

E o Fidalgo fica-se hoje por aqui!


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