Uma vez fora... Olhar para dentro!

Uma das coisas que mais gosto de fazer, confesso-o, quando estou em conferências internacionais é perceber qual o "sentimento" de quem recebe (no caso, os polacos) em relação a alguns assuntos. É óbvio, e tenho noção disso, que falo apenas com uma parcela da população. É, todavia, expectável que essa parcela da populações composta por cientistas políticos seja altamente informada, e portanto deixo-me "cair" na tentação de tomar o que me dizem como aceitável...

Depois de ter lido recentemente que a Moldova está a perder o interesse na União Europeia e olha cada vez mais para leste... para a grande Federação da Rússia. Ciente de que as três irmãs bálticas (Estónia, Letónia e Lituânia) olham para a Rússia ora com respeito, ora com receio, ora com pavor, achei interessante perguntar qual o sentimento por aqui... E em quatro pessoas "sondadas" fico perplexo com o 50-50.

A Federação da Rússia e a União Europeia dividem por aqui opiniões. Aos dois europeístas polacos assusta-os o "excessivo intervencionismo da Rússia"; aos dois russófilos polacos desagrada a lentidão da União Europeia na demanda para solucionar os seus problemas. É uma questão de copo meio cheio ou copo meio vazio.

Para uns é melhor passear na pradaria onde o euro-herbívoro rumina lentamente, apesar dos esforços de Merkel para pastorar a manada. Para outros é mais seguro o intrusivo urso russo, com o seu poder de decisão rápido, centralizado e por isso mais activo (o que não significa, de per si, que seja mais eficaz!). A discussão corria simpática, com a ajuda de um vinho polaco (cuja acentuada acidez resulta numa experiência interessante), quando se juntou ao grupo um checo e dois alemães.

Para o checo, que logo se assumiu como ocidentalista e europeísta, olhar para a Rússia é sinónimo de saudosismo e tentativa vã de encontrar soluções onde, diz o checo, só se poderão encontrar problemas. Mas, o mesmo checo, admite que na República Checa, nos últimos anos, cresceu o número de simpatizantes por uma aproximação à Federação da Rússia. E o euro? Isso ainda divide mais...

Porque se é um facto que a Grécia e Portugal, abraços com ajuda externa, fazem parte do euro... É também verdade que a Hungria, a Islândia e a Roménia, fora do euro, enfrentam graves crises económicas. É igualmente certo que a vizinha Eslováquia cresceu com o euro. E portanto fico com a ideia que o que nos divide em Portugal é, afinal, mais europeu do que poderá parecer. E os alemães? Bem, obviamente que defenderam a UE e o euro... Mas, para meu espanto e gáudio, acham legítimo a Alemanha "bancar" as crises dos países periféricos, pois que a Alemanha foi quem mais beneficiou com o mesmo euro.

E podia continuar a reflectir, mas vou guardar os meus pensamentos para amanhã... Ou para qualquer outro dia...

Cumprimentos para Portugal (e demais países falantes de Português),

Do Fidalgo (que por estes dias anda por Cracóvia, na Polónia)

(Legenda: Foto tirada num city tour que fiz pela manhã a Cracóvia)

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