Antes de tudo relembro o que já antes escrevi: Não percebo
nada de Economia!
E eis que os mercados, nervosos como sempre, voltam a
assustar a União-que-se-diz-Europeia (mas que mais parece um
Cárcere-de-tipo-Germanófilo). Os PIIGS, acrónimo anglófono pouco diplomático
(se não mesmo deselegante!) na qual se arrumam os desalinhados Portugal, Itália, Irlanda (o último I a entrar para o
chiqueiro), Grécia e Espanha (a mais próxima de cruzar a porta de saída do chiqueiro e
de entrar no galinheiro Merkeliano), não estão sozinhos no ataque voraz dos
mercados!
A França, a Bélgica, a Holanda e a Áustria estão agora na
mira dos mercados, que procuram saciar uma fome insaciável por lucros fáceis, à
custa da qualidade e da dignidade de vida de sociedades inteiras. Os mercados,
faço questão de sublinhar, são uma reificação do homem enquanto ser social e
socializado. E como criação humana são passíveis de reformulação, de transformação
e de controlo… Não percebo qual a dificuldade em se entender isto! Qual a razão
da morosidade na tomada de decisões!?!
Os mercados andam, por estes dias, tão nervosos quanto vorazes, porque
perceberam que a Europa ruma (e há muito) sem uma liderança. Por muito pró-activa que seja a
actuação da Comissão Europeia, sobre a égide do timoneiro Durão Barroso, a verdade é que
falta uma acção consertada inter-institucional, musculada e acima de tudo
assertiva, inteligível e comunitária.
Com a presidência da União Europeia pós-Tratado de Lisboa entregue a um homem capaz de se auto-eclipsar, mais facilmente do que os personagens de
qualidade duvidosa de Stephenie Mayer (lembra-se de Herman Von Rumpy?) e uma Alta Representante da União para as Relações Internacionais tão útil como água salgada no Mar Morto (a britânica Catherine Ashton) é difícil
mostrar “serviço” e serenar os mercados.
E mesmo há escala estatal, o cenário não melhora. Sarkozy é
um político periclitante, com pouca chama europeia, e com uma inteligência política
que corresponde ex aequo a essa pouca chama. Monti e
Papademos só chegaram agora, mas ainda não conseguiram firmar qualquer um dos seus méritos.
Incrivelmente, Papademos já foi sujeito a um voto de confiança do Parlamento
grego: acto tão banalizado nos últimos dias, que a sua força já há muito se
esgotou.
Da Espanha pouco se pode escrever, em vésperas de uma
eleição que promete mudanças no reino vizinho. A Bélgica, recordista mundial na
“demanda” para formar um governo, procura estabilizar-se internamente, optando
por um low profile a que já nos fomos
acostumando. Da Áustria ouvem-se vozes que fazem eco dos apelos de Merkel. E eu
que não tinha percebido que os Grandes Eleitores (os mercados, claro está) a
tinham nomeado como Imperatriz do (ao que parece ressuscitado) Pós-Moderno Sacro Império
Romano Germânico!
Se os Mercados andam nervosos que tomem um cházinho de
camomila, que bebam um vinho do Porto, que comam um queijinho de Serpa, ou que vão fazer termas em Chaves, que para estes lados já se começa a perder a
paciência!!!
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