Economizar nas ideias dá nisto...

Triste vai a política de um país quando se passa um dia inteiro de volta das palavritas do Ministro da Economia. Álvaro Santos, Ministro da Economia, teria anunciado hoje o final da crise, ao estilo do que fizera, em 2006, Manuel Pinho então Ministro da Economia; ou do que alardeara o (na altura) ainda primeiro-ministro José Sócrates, em 2009.

O anúncio, que a realidade se encarrega demasiado facilmente de desmentir, poderia ter sido um fait-divers noticioso, e poderia ter constituído uma mera curiosidade do debate parlamentar... Mas num momento de escassez de ideias e de um quase vazio, para lamentar, em propostas e em argumentos construtivos, o secundário tornou-se em vedeta do dia! E saltou para as capas de todos os jornais on-line e para os ecrãs dos canais nacionais.

Não vou defender o senhor Ministro da Economia, ainda não me pagam para o assessorar, mas apetece-me sublinhar que se vestiu de uma gravidade inexistente, uma mera oração lançada ao vento. A ideia do senhor Ministro da Economia, não seria (espero eu!), a de vestir o fatinho de licra dos super-heróis, mas antes e somente a de dar alguma esperança (tão precisa nos dias de hoje) à população, perante tantos e tão grandes sacrifícios. 2012 será um ano duro, mas no final de um longo túnel com 366 estações, diz Álvaro Santos, já se vislumbra uma fogueirita crepitante (mas ainda pouco fulgurante e sujeita a euro-ventanias).

O (mesmo) Ministro da Economia falou hoje também do "pouca mobilidade" dos nossos feriados, conclusão lógica a que o Ministério da Economia só agora chegou (antes tarde do que nunca) e de como quatro feriados (curiosamente, e em princípio, os mais móveis), dois civis e dois religiosos irão eclipsar-se do calendário. Fico desapontado com a cedência perante as pressões do Vaticano, mesmo com a Concordata assinada, o país assume-se como sendo constitucionalmente laico. Quer-me parecer, e adoraria estar errado, que vamos abdicar de marcos estruturantes da nossa identidade nacional.

Se é para extinguir feriados civis que se acabe com o Carnaval e com o Dia do Trabalhador... Mas duvido que haja coragem para enfrentar os Sindicatos, que fariam a maior das tempestades, porque tudo pode ser mudado, desde que tudo fique na mesma... É aliás essa a mensagem que os Sindicatos têm dado com estas últimas parolas gazetices, que chamam de greve. Concorda-se que há muito que deve ser mudado, mas sempre que surge uma proposta de mudança (seja de que Executivo for) lá vêm eles para a rua.

Então meus senhores em que ficamos? É para mudar mesmo, ou para fingir que mudamos; enquanto esboçam argumentos fátuos e ludibriosos, cuspindo fonemas como "direitos adquiridos", ou o dramático "retrocesso histórico" aos quais não se juntam ideias coerentes, propostas realistas, soluções viáveis. Enquanto os Sindicatos forem brincando ao faz de conta, forem economizando nas ideias, é óbvio que o país vai ciclicamente chegar a este ponto...

Em tempo de economias e contenção, termino (hoje) por aqui...
Mas o Fidalgo vai continuar de olho aberto!


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