Como o tempo para escrever coisas minhas tem sido pouco, vou usando artigos que encontro nos meus passeios pela Internet monárquica. :) Expresso desde já a minha tristeza pela derrota de Segolene Royale em França. Nao é a França quem perde! É a Europa inteira! Vicissitudes das tristes Repúblicas.
Mas voltando ao que interessa aqui esta um artigo de Opinião de um membro da Real Associação de Aveiro. Um óptimo texto para reflectir e começar a abrir os olhos... Já vai sendo tempo.
O vosso cavaleiro (muito ocupado),
Fidalgo

25 de Abril de 1974/b) art. 288º da CRP. Liberdade? Que liberdade?
01/01/1970

Passei a manhã em casa a ver, em directo, as comemorações do 25 de Abril, na Assembleia da República. Em concreto, a ouvir os discursos dos partidos políticos com assento parlamentar.Não variam muito uns dos outros. A palavra "liberdade" foi obviamente a mais utilizada e comum a todos os intervenientes. E, em boa verdade, ano após ano, todos os discursos em memória do 25 de Abril, falam de liberdade.O que nunca os oradores explicam, pois parece que todos o subentendem da mesma maneira, é o conceito de liberdade. Ou, se explicam, será, seguramente, um conceito muito pobre e restrito.
Porque para mim, a liberdade não é o fim da PIDE. Não é o fim da ditadura. Não é a libertação dos presos políticos. Não é poder escrever e publicar.A liberdade é poder pensar, é poder agir, poder associar, poder falar, poder criticar, poder sugerir, e poder discordar. Mas é, sobretudo, poder ESCOLHER.Mas será que, como pretendem, em Portugal existe liberdade autêntica? Ou não será que a redacção da alínea b) do artigo 288º da Constituição da República Portuguesa (limites materiais da revisão), veda aos portugueses uma liberdade tão essencial, como a da possibilidade de escolha do regime político que deva dirigir o País? Se era imenso o fervor democrático na altura, porque não foi redigida a alínea b) do referido artigo como segue: "a forma democrática de governo" em vez de "a forma republicana de governo"?
É incrível como se fala hoje de liberdade em Portugal quando os portugueses não podem escolher. É incrível como todos os deputados à Assembleia da República falam em liberdade quando sabem que não existe nem lutam por ela. É incrível a hipocrisia de levarem um cravo na lapela e não mexerem um dedo para que, de uma vez por todas, se criem as condições que possam permitir aos portugueses escolher o regime político que querem para Portugal.Esta liberdade que foi formulada e moldada pelos deputados constituintes foi, porventura, a liberdade que quiseram para eles, não a liberdade política de todos e para todos.
Os trabalhos da Constituinte foram oportunidade perdida para a institucionalização de uma verdadeira e genuína democracia participativa, onde todos pudessem escolher, e escolher livremente. Mas estamos e estaremos sempre a tempo de fundir uma verdadeira liberdade. Se for vontade de todos. Até hoje vivemos esta limitação tão grande, tão gritante. Que triste democracia inacabada.É tempo de falar verdade.É tempo de, verdadeiramente, deixar escolher.Mário Nevesnascido a 16 de Dezembro de 1974Não me digam que nasci em Liberdade.

Autor: Mário Neves, Presidente da Real Associação de Aveiro

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