Para começar bem o mês, O Fidalgo deixa-vos um poema de António Botto, um dos génios do Modernismo Português. Tristemente pouco conhecido, este génio da poesia foi reconhecido internacionalmente pela originalidade do seu estilo de prosar. Amigo de Fernando Pessoa, com quem partilhava as suas ânsias de inovar... António Botto é um poeta a descobrir! Ouve, meu anjo Ouve, meu anjo Se eu beijasse a tua pele? Se eu beijasse a tua boca Onde a saliva é mel?
Tentou, severo, afastar-se Num sorriso desdenhoso; Mas aí!, A carne do assassino É como a do virtuoso.
Numa atitude elegante, Misterioso, gentil, Deu-me o seu corpo doirado Que eu beijei quase febril.
Na vidraça da janela, A chuva, leve, tinia...
Ele apertou-me cerrando Os olhos para sonhar - E eu lentamente morria Como um perfume no ar! |
O Fidalgo
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